Miolos de pão e morangos frescos...
O seu café da manhã.
Me chama batendo palmas,
Chego à porta do quarto
E reconheço o barulho sutil
Das pequenas mãos.
Acorda feliz numa manhã de sábado;
Bendita seja a inocência...
Sagrado e santo este olhar e sorriso de anjo
Que ameniza o fel desta manhã sem Sol.
E então com graça diz,
Quase com inspiração de poeta:
“Hoje acordei com vontade de comer miolinho de pão.
Mas tem que ser macio e novo”.
E estica-se com graça sob os lençóis...
Cabelos com fios caramelo, quase dourados...
É o meu Sol desta manhã.
Então, lhe puxo com felicidade
De encontro ao meu abraço
E concordo dizendo baixinho:
- Sim, vou pegar miolos de pão...
Atravesso a sala, colho,
Como quem colhe um fruto, miolos de pão.
Então para aproveitar o seu apetite raro
Trago-lhe, também, uma taça de chocolate
E morangos frescos...
Cândido anjo; Ana da guarda; minha Ana Júlia;
Meu doce anjo, que brinca de princesa comigo,
Nas minhas horas mais tristes é o meu melhor abrigo.
(Ednar Andrade).
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