Os homens homenageiam seus mortos,
quando deveriam silenciar, pois, toda ausência é silenciosa.
Doam flores e dizem rezas, explanam
ao vento inúteis lamentos. Não é descaso, nem descrença, tampouco invasão à dor
alheia.
Todos os anos, pintam
cemitérios, tumbas, ornam lápides, lustram quase a espelho uma casa onde
ninguém mora: o túmulo.
Acredito nas flores e na
alegria e nos sorrisos que os já mortos poderiam ter gozado. Precisaria ser “dia
de finados” para doar flores, doar poesia, demonstrar sentimentos? Onde mora a
saudade, longe deste dia no calendário? São perguntas que não calam. Dia de
todos os santos, a morte causa santidade? Desperta amor?
Quantas vezes está ali ao lado
a pessoa que hoje te faz chorar e jamais moveste os braços na direção de um
abraço, jamais olhastes nos olhos para doar um pequeno gesto de gratidão, um
elogio, uma carícia, apenas.
A vida é hoje, repito,
repetirei tantas vezes quantas forem necessárias.
A vida é hoje. Não espere ver
alguém sem vida, não espere ter saudade para doar gestos, sentimentos, amor,
para quem já não pode receber.
(Ednar Andrade).
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