quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Pinot Noir (O Amor)




Por entre silêncio e súplicas,
Por entre medos, anseios...
É assim a voz do amor, 
Da calma, faz tormenta, 
Invade as narinas, envolve, aperta, 
Sufoca, transgride, sem lei, sem razão.
Vivifica ou mata,
Dispersa, sucumbe, se esvai, 
Mora nos becos, no abstrato vão da fantasia.
Sem nome, nem endereço...
Habita na correnteza dos mares mais negros... E  sobrevive...
Injeta nas veias doce veneno, destilado tantas vezes em sucos ácidos...
Errante, boêmio, que alimenta os perdidos corações,
Chama divina...
Que nasce no deserto do peito de cada homem...
Vício... Letal... Morfina, indispensável droga que faz sina(fascina)(...)
E a ele rendemos graça, veneramos e nos entregamos,
Com fé mesmo sendo ateu, com delícia mesmo havendo dor.
É ele um pequenino grão: o amor.
Rara semente"Pinot noir".
A gota d'água
Do perfume, o pequeno frasco, a seiva da vida...
O contar das horas, a canção lenta...
O riso, o pranto, o olhar sem horizonte,
Navio sem mar, velas ao vento debatendo-se em vão...
E perdido neste vagão ninguém é feliz sem sua ilusão... 

(Ednar Andrade).




"Do sabor das coisas

Por mais raro que seja,
Ou mais antigo,
Só um vinho é deveras excelente:
Aquele que tu bebes calmamente
Com o teu mais velho
E silencioso amigo..."


(Mário Quintana)



  



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