quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Amor sem medida




O meu amor não tem medida
Tem somente este sentir
Tem somente esta impressão sutil
Este toque, este gosto, este gesto
Leve, muito leve
O meu amor quando chega
Traz consigo a percepção do sensível
Tênue sensação imponderável
Branda, doce, suave
O meu amor não tem medida
É maior do que eu
O meu amor não cabe em mim.



*Meu Poeta*(Zé da Silva)

Menina




"Menina dos versos meigos
Mulher dos versos revoltos
Teus versos são pássaros soltos
Que cantam e celebram a vida
Que entoam e traduzem a alma
Que falam ao meu coração
Com o cheiro, o calor, o toque
Perfumados de sentimento
Encantando-me com teu mundo
Um mundo de faz de conta
Onde os teus poemas, carinho,
Os teus poemas, meninos,
Correm de pés descalços
Chispando a água das poças
Cheios de afeto e meiguice
Escritos com a brejeirice
Que só a flor é quem tem".



*Meu poeta* (Zé da Silva).

Espelho d'alma



"Nas horas longas
da noite, longa e fria
Busco-me, em espelhos,
em uma busca vazia.

Espelhos?
Que sabem de minha alma?
O que é que sabem de mim?
Se lhes mostro a face calma
Me dizem que sou assim

Só imagens evanescentes,
só sombra refletida
traiçoeiras como serpentes
que nada dizem da vida

Da vida real do 'Eu'
Da alma aprisionada
Num corpo que lhe tolheu
Que lhe mantém limitada

A alma assim dominada
Pede mergulho profundo
Para vencer as arcadas
Que dão acesso a seu mundo

Transpostas estas arcadas
Que são guardiãs do saber
Vencidas as emboscadas
Que se escondem em querer

A alma, então, se revela
Deixando transparecer
O “Eu” que sai de sua cela
E é o verdadeiro ser".



*Meu Poeta* (Zé da Silva).

Voz do Amor



"O amor cantava ao longe
Triste canção que dizia
'Quem eu amo foi embora
Levando minha alegria
Deixando só a saudade
A sufocar os meus dias...'
E quem ouvia o amor
Cantando esta canção
De certo se perguntava
Amar,
é liberdade ou prisão?
Assim como vem se vai
Dando conta à solidão
E o amor que cantava
Tão débil ia ficando
Que aos poucos só se ouvia
O sôfrego amor soluçando
E as lágrimas que lhe desciam
Aos poucos iam apagando
A triste voz do amor
Que ia se debelando
A soluçar sua canção
Cujos versos vão ensinando
Que por maior que seja a dor
'Amar só se aprende amando'”.



*Meu poeta*(Zé da Silva)