domingo, 17 de outubro de 2010

Casquinha de limão




Casquinha de limão,
E uma presença viva
Em mim.
Dá para sentir o cheiro
Do forno de lenha,
Onde ali assava...
Um bolo,
Que maravilha de bolo!
Que sabor inesquecível!
Casquinha de limão...
Farinha,
Manteiga,
Gemas,
Açúcar,
Leite quente,
Casquinha de limão...
Claras em neve,
E depois de tudo batido,
A disputa pela bacia em ágata,
Lavrada em verde,
Para lamber,
Para degustar,
Não sei se era melhor
Que o próprio bolo.
Um troféu e a colher de pau,
Hum... Deliciosa colher,
Delícia, lembro...
Onde Tia Zefinha
Batia o bolo.
Depois do bolo pronto,
Eu olhava para aquela delícia...
Hum...
Um cheiro de limão no ar,
Com passas esparsas,
Quase um sorteio,
Um bolo pronto,
Passinhas no bolo,
Um dourado,
Como contracapa,
Mais parecendo moldura,
Um dourado inesquecível.
Ali estava posto,
Saía daquele forno
À lenha.
Família reunida,
Café no bule de ágata,
Café da tarde.
Doces tardes,
Tardes dominicais
Que até hoje me trazem
Do limão,
O cheiro da casquinha.
Casquinha de limão...
Bolo amarelinho,
Agora em fatias,
Enfeitando a mesa,
E todos comiam
E alguns queriam mais
E a velha tia dizia:
“Chega”.
Quem não tem na lembrança
Momentos assim,
Não viveu,
Nem foi criança.
Bolo batidinho, feito à mão
Com casquinha de limão.

(Ednar Andrade).