quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Agosto




Foge do meu habitual sorrir,       
Esta agonia que hoje me sufoca...
Como uma espada que me transgride o oxigênio,
Meu peito está oprimido...
Quase sinto o frio deste metal imaginário...
Sinto seu brilho na garganta; "não nos olhos"
...E uma imensa vontade de chorar me leva ...
Nesta fria manhã de agosto.
("Inquietante" Agosto...)
Que me abre a porta como um "desgosto"
Uma sombra que me rodeia, feito alucinação...
"Não sai de mim"...
Me estrangulando a alegria de viver esta manhã.
Uma mistura de tristeza e saudades,
Uma profunda dor me invade,
Rasga-me o peito...
...E silencia o que seria canto...
Se faz dilacerante,
Me deixa a deriva, 
Um barco jogado pelos ventos fortes, deste navegar...
Então percorro a praia deste meu sofrer...
E penso:
Em que tormenta pode nesta ausente calma, minha alma está?
Para onde foi de mim, a brisa...?
Aquela tão mansa, tão conhecida nas manhãs...
Fugiu hoje da minha carne, do meu encanto,
E aqui estou diante deste assombro, 
Diante deste calado desassossego...
Pendurada como um morcego,
Guardando as sombras,
Ou elas aflorando sem paz, e sem calma...
Os ventos uivam, adentram as janelas da sala...
Eu tento, tento mover o desalento para uma faixa clara,
Mas a verdade não desbota,
Agosto, no olhar um desgosto...
No calar, uma mágoa, um canto torto,
Morto e posto...

(Ednar Andrade).