quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Silêncio de caboclo


   ("O Caipira", de Almeida Júnior).

Sentado, naquela pedra,
O caboclo chora e sonha;

Sentado, naquela pedra,
O caboclo chora e ri;

Depois, como quem come,
Faz um cigarro e pita

E brinca de que acredita
No que a vida faz sentir.

Sentado, naquela pedra,
O caboclo, para ninguém, mágoas, conta

E o vento, apenas o vento,
Passa e lhe sorri.

Depois o cigarro apaga,
O caboclo engole a mágoa...

Cospe, olha em volta,
E deitado, naquela pedra,...

Olha pro céu... Assovia...
Faz dela, cama macia;

Cobre-se de desencanto, encolhido no seu canto,
Olha o sol...; já é dia.

(Ednar Andrade).