quinta-feira, 1 de março de 2012

Quem dera



Eu, ébria, louca, alucinada.
Quem dera,
Pudesse traduzir tanto silêncio,
Silenciosamente, tocasse a alma do vago,

O uivo que habita este espaço.
A margem gelada deste rio,
Que chorando arrasta-se no escuro breu,
Na noite vã...

Na total escuridão da verde folha,
Na sublime, agonia, que este querer
Faz tremer minha carne...
Quem dera, pudesse,

Beijar a boca da apneia,
Cair nos afagos do somente,
...E como quem na verdade sente,
Caísse trêmula,apenas somente...

(Ednar Andrade).