segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Corais e Azuis


Banho-me  no dourado deste entardecer
Mergulhada na verde paisagem deste  encantado viver...
Sou como quem sonha...
Olhos abertos, perdidos, imersos... Vagueio...
Um trago, um verso, uma saudade, uma prece...
Quem sabe...
Um pássaro que canta  feliz no seu ninho...
Degusto o sabor desta tarde calma e me aninho...
Começo de era, brotos em flor, são agora meus dias...
Assim sem pressa, sem medo, sigo.
Me  deito nas mornas águas que  me acariciam... 
Em minha alma quase tudo é mar...
Velejo... E nos meus vagos  dias deixo-me livre de qualquer sofrer...
Não sei das horas, aqui não tem calendário...
Aqui as noites demoram... Os dias são verdes...
As manhãs  corais e azuis... Como estou feliz...
Minhas mãos desenham pensamentos cheios de risos...
Agora  canto...
Sequei o pranto, me refiz.
Reconstrução...
Caminhos e longas auroras surgem...
Canção  de plena  paz, estrela  minha...
Minha maior estrela... Posso ver-te de perto em cada amanhecer...
A tarde  cai suave ... A noite vem com encanto  e com ela um doce silêncio
Minha oração é o sossegar dos bichos,
Um sussurro...
Uma quietude... Brisa  a balançar  folhagem e frutos...
Perfume  do mato...
Silvestres flores... Cajus tão doces... Frutas frescas...
Pomar de sonhos... Reais  momentos...
Tudo é como  encanto
... Miragem...
Suspiro.
Feliz canto...
E aguardo a noite no balanço  da rede...

(Ednar Andrade).