quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Por tudo, enfim.




Obrigada Senhor,
Pelo perfume,
Pelas flores,
Pelos beija-flores,
Pelas cores,
Pelo azul do mar,
Pelas estrelas,
Que no infinito há.
Obrigada.
Obrigada natureza
Madre minha,
Pelas uvas,
Pelo vinho,
Pela noite,
Pelo ninho,
Pelo canto,
Pela voz,
Pela mão,
Que, com a minha,
Segue,
Pelo riso,
Por meus olhos,
Pela dor,
Pelos poemas,
Obrigada.
Pela Primavera,
Pelo Outono,
Pelo Inverno,
Pelo Verão,
Pelo Sol,
Por tudo
Que é verde,
Pela vida,
Pelas águas,
Pelas aves do céu,
Em seus ninhos,
Obrigada.
Pelo amor,
Pelo carinho,
Pelas pedras
Do meu caminho,
Pelo meu teto,
Pelos filhos
Pelos netos,
Pelo meu lençol quentinho,
Pelo que agradeço,
Pelo que esqueço,
Pelo que finjo esquecer,
Obrigada.
Pelo silêncio,
Por esta noite calma,
Pelo dia que amanhece,
Pelo Sol que me aquece,
Enfim, por tudo,
Obrigada.

(Ednar Andrade).

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Porque: ...


... Porque contigo sinto-me calma,
Do que a pluma bem mais leve.
Suave, mais que a leve brisa;
Mais fresca que a do mar.
... Porque contigo, viro criança.

Amada, docemente amada.
Eterna, nunca cansada.
... Mas, não é só isso:
Contigo deixo de ser mulher.
Não ligo se me viro em pedaços...


Morreria neste abraço,
Na nossa harmonia,
No esmago de um beijo sem “fim”,
... Só contigo sou verdadeira.
Duas horas contigo:


Valem uma vida inteira.
... Contigo, porque, contigo...
Foi que aprendi a amar
Sem sofrer,
Ganhar e perder,


Perder para ganhar...
Renunciar para viver.
Sorrir, que é melhor que chorar.
... Contigo eu nem sequer ligo, se sou,
Como dizes: doida...


... Porque, o que me deixa doida,
É me misturar ao teu corpo morno
E me perder nos teus perigos.
Beber prazer... Contigo...
Até ouvir um trem no ouvido.

(Ednar Andrade).
(04.05.1984).

Silenciar



O que dizer “quando”?
Sentir o que no “instante”?
Nada a fazer, por que...
Nada preenche, “lacunas”
De espaços tão bruscos.

Silenciar precise, talvez, a boca.
Pra sentir o tamanho da dor
“E gemer apenas, sem mais”!
Mesmo sem querer,
Ou por não poder até...

Até que se morra,
Até que tudo derrame.
O que dizer “quando”?
Sentir o que no “instante”?
Silenciar precise, talvez, a boca...

(Ednar Andrade).
(19.04.1983).


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A chave de tudo




Me aguças, me atiças,
Fico assim... Querendo, querer-te
Me enfeitiças...
 
Me levas ao inferno do teu céu...
*
Me queimas, incomodas...
Tens a chave do meu sossego... Do meu desatino,
Do meu des-tino
Verso que, com saudades,
Rimo
*
Tens, do compasso, o meu coração...
Do meu calendário, o tempo
Do meu amar, a  certeza
Da vida, o tema (teorema)
*
O absurdo: paradoxal,
Contraditório,
Sem razão...
Contra-senso.

(Ednar Andrade).

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Quase noite


Quase noite,cedo ,
Ainda é tarde.
Quase dia -quase ,noite...
São  como ventos, os sonhos.
Brisa mansa bate  na face,
O Sol se despede; é ,quase noite...
Um cheiro no ar...Aroma de flores
Jasmins ,cravos e rosas...
Saudade no peito ,
Silêncio, sussuros, tudo se aninha;
Nesta hora plena,sagrado instante...
Faço uma prece, por ti rogo(...)
Encanto, magia,a vida  descansa; Ave Maria*...
Suave presença ..".Mãe -natureza ,"
Quanta beleza ,quanta...
Luz de vagalume ,
No céu  "uma estrela ,"
O amor anuncia, 
Promessa, carinho,
Ave Maria... (Hora nona, hora de oração). 


Ave Maria!!!!!
(23/08/2011).

(Ednar Andrade).

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Maria



Então, sentindo o corpo cansado, esticou-se na velha poltrona verde e pôs-se a refletir... Olhando o nada, olhando através da displicente e torcida posição da veneziana  deteve os olhos no balanço regular e ritmado  da natural paisagem à sua frente, atenta aos chocalhos que pareciam instrumentos  pendurados na folhagem densa .Sem remorso ou tristeza, pensava, em como há grande diferença entre, ESTAR ou SER SÓ.

Há um conforto todo particular e uma felicidade indiscutível e incompreendida por muitos, coisa que em momentos de total maturidade pode ser sorvido como manjar: estar consigo; ter a capacidade de sentir satisfação  "nesta viagem interior"... Desfrutar da sua total fidelidade, da sua nudez  em corpo, alma e pelos. Ouvir o som do próprio ar obedecendo apenas ao apelo  das suas vontades, sem relógio, sem pressa ou compromissos. Ter uma relação verdadeira com a "verdade", este diadema de contas que nos faz contar em cada conta toda uma vivência com o que há de intenso dentro de cada um; seus medos, seus segredos, avaliar-se sem criticas alheias, examinndo com cuidado E HONESTIDADE o calendário da sua existência  em companhia da  total consciência da fragilidade existente em nós.

Maria  sentia uma  sensação de liberdade, em que o instante que no passado lhe assustaria, hoje  dá-lhe-paz... Uma certeza já tão batida e discutida - a que um dia, felizes ou o  contrário- em certo ponto da vida, estaremos sós .

E no contexto final  poder sem medo deste presente; a confiabilidade que só os anos e as experiências trazem numa bandeja às suas mãos.

Maria estica-se um pouco mais... Faz um ruído de risada, esfrega  a nuca  e depois de uns goles de água, dispersa-se na segunda reflexão...

SER SÓ(?).

É não ter com que conferir o riso, não ter com quem tomar uma bebida ,com quem compartilhar uma tristeza, dividar alegrias(a)
chorar sozinho, falar com ninguém.

Ter a mão na própria mão"  se não há da sua uma irmã, e nas frias tardes, mesmo que aconchegantes, olhar em torno do silêncio e não deseja-lo  perto.
Por a mesa para dois e tomar só o café  com creme; não há açúcar que adoce. Olhar em volta de si e ser um "ser sozinho" , além de muito triste  é como não  respirar, se não há para quem, se não há quem amar. 
Amor receber, compartilhar é um sentir sagrado .

A vida é um dom , um acontecimento ímpar  de uma beleza inexplicável... Os contos da vida escrevem-se sozinhos? Ou os escrevemos lado-a -lado?(???) Não são para todos, iguais, os caminhos desta vida. Para cada um existe uma história, um conto, bem ou mal narrado
....(...) Como  acordando de um sonho ruim, Maria levanta-se abre a janela, feliz sorri e constata  o seu nome inscrito na primeira lista.

Estar só é maravilhoso. Escrever os contos da vida e ter personagens vivos ... Não tem preço.

(Ednar Andrade)

(15/08/2011).

Ser-tão simples...



Não há... Não há, não...
Coisa mais singela, mais bonita e sincera
Como este nosso "ser-tão" simples, verdadeiro.
Do amor amigo; da amizade irmão.

Não há....
Não há, não...
Como tão bem disse Catulo: "não há..."
Aqui neste lugar belo e esquecido,

Também eu quero morrer...
Onde a tarde a sururina
Canta e o silenciar tudo rima,
O que me desanima...

Não há... Não há, não!!!
Lua mais bonita, detrás do morro a me olhar...
Maior melodia que esta que aqui há.
Coisa mais bela!!! Mais  linda do mundo...

Onde mora minh'alma
Aqui quero viver, ser feliz amar morrer,
Nas manhãs poder cantar livre, como um sabiá,
Vestida de natureza... Não há.

Pés descalços, mão na terra
Fazer castelo na  areia...
Me perfumar de lagoa,
Me temperar de mar...

(Ednar Andrade)

(17/08/2011).

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Palco da Vida



Você pode ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não se esqueça de que sua vida é a maior empresa do mundo. E você pode evitar que ela vá à falência.

Há muitas pessoas que precisam, admiram e torcem por você. Gostaria que você sempre se lembrasse de que ser feliz não é ter um céu sem tempestade, caminhos sem acidentes, trabalhos sem fadigas, relacionamentos sem desilusões.

Ser feliz é encontrar força no perdão, esperança nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros.

Ser feliz não é apenas valorizar o sorriso, mas refletir sobre a tristeza. Não é apenas comemorar o sucesso, mas aprender lições nos fracassos. Não é apenas ter júbilo nos aplausos, mas encontrar alegria no anonimato.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da  própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Ser feliz é deixar viver a criança livre, alegre e simples, que mora dentro de cada um de nós. É ter maturidade para falar “eu errei”. É ter ousadia para dizer “me perdoe”. É ter sensibilidade para expressar “eu preciso de você”. É ter capacidade de dizer “eu te amo”. É ter humildade da receptividade.

Desejo que a vida se torne um canteiro de oportunidades para você ser feliz… E, quando você errar o caminho, recomece, pois assim você descobrirá que ser feliz não é ter uma vida perfeita, mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância.

Usar as perdas para refinar a paciência.

Usar as falhas para lapidar o prazer.

Usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência.

Jamais desista de si mesmo.

Jamais desista das pessoas que você ama.

Jamais desista de ser feliz, pois a vida é um espetáculo imperdível, ainda que se apresentem dezenas de fatores a demonstrarem o contrário.

Pedras no caminho? Guardo todas… Um dia vou construir um castelo!

(Fernando Pessoa).

sábado, 13 de agosto de 2011

E-mail


Uns beijos:
Uns meus;
Outros, da Lua.
Um abraço,
Um risco,
Um traço,
Um sorriso,
Teus olhos...
Ávida a noite, a vida
"É NOITE"
Saudades tuas.

(Ednar Andrade).
(12.08.2011).

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Palavra-muda


Saltando de galho em galho no cajueiro,
Leve como um pensamento...
Anum é seu nome.
"Estranha ave"...
Distraída canta...
Pela folhagem,
Bailando... Bailando... Vai...
Tudo me invade, 
Silêncio, música (sem saudade).
Nesta paisagem de verde tarde,
Descortinando  o tempo.
No olhar tenho um riso;
Na boca "palavra - muda”.
Me desnuda, me interroga,
Me  abriga,
Me  abraça,
Me enlaça... Respiro a vida.
Estranha  ave... Que, como  eu,
Canta seu canto...
...Eu? Planto flores,
Eu verso...
E  dela me encanto...
Me encanto...

(Ednar Andrade).


sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Tolices


Eu dizia coisas que não sei mais dizer.
Acreditava em sentimentos
Que hoje chamo de tolices.
Amava com um jeito absurdo e inocente.
Chorava quando era pra cantar.
Algumas coisas duras,
Guarda-se na memória
De forma inevitável
E viva, como um vídeo-teipe.
Eu queria como quer uma criança,
O doce da vitrine ou a boneca mais linda,
A felicidade inexistente.
Chorava de emoção ao ouvir
Uma canção de amor
E pensava na vida como quem pensa
Num bosque...
Vivia a primavera como quem faz um poema
E beijava como um beija-flor,
Sugando da vida o néctar.
Um barquinho visto de longe,
Era como uma embarcação
Cheia de sonhos.
Aí, a vida chega, o tempo passa
E o que resta da festa
É o que a ninguém basta.

(Ednar Andrade).
(03.08.2011).

Entender




Não me cabe entender, talvez caiba, quero que caiba, preciso entranhar, desbravar desesperadamente este emaranhado de sentimentos luminosos e sombrios que me compõem. Entender porque nego o que quero tão veementemente, porque beijo este peito tão ferozmente, este mesmo retrato, este espelho. Este “eu” desconhecido, enigmático, este assombro, sombra, sombra. Gostaria de ser convidado a fugir e ir com ela, ser apresentado a este “eu” tão estranho, a descobrir o “eu” desconhecido, mudo, intenso, vestígios deste “eu” impresso em paredes antigas, paredes pedindo por sua descoberta e meu entendimento.


Tolo, acreditas mesmo que entenderás? A parede pede para ser entendida, decifrada porque buscas a ti mesmo, caças a ti mesmo, é atrás de ti que estás, por isso amargas, a incompreensão. É como fel, repulsa, não desce pela goela. Seria fácil soprar a névoa e ela se dissipar, mas assim como tu, teu ser é denso; neblina nos olhos, és assim: entradas, vísceras; és assim: tu mesmo, este espaço impresso no nada, este átomo, esta mistura química perigosa a vós, esta explosão cósmica irreprodutível,mais bizarra do que imaginas. Cabes em um mundo, mas não ele em ti, posto que és o infinito.

Esta poeira pensante, esta paisagem insensata, esta matéria indefinida, este bicho arredio que ataca monstruosamente por medo, simples, mesmo assim não há como explicar. Decodificável.

Temos medo do que não conhecemos por isso ficamos onde estamos.
o desconhecido nos assusta, nos retira deste estado permanente e denso de morte.

Cuspo na moral e bons costumes. À merda com ela, ela me matou no dia em que nasci. O medo é um quarto; conhecer é um horizonte... É noite, mas se tiveres paciência aparecera beleza com o amanhecer. A luz do desconhecido é o que quero, não quero a escuridão, a pútrida e sombria sobriedade. Ela me entorpeceu em meu nascimento, sinto que nasci hoje quando descobri a beleza do dissabor.

(Andrey Jack).