terça-feira, 30 de novembro de 2010

Feito um Cão


Bate o meu coração
Assim como um louco,
Assim como um trovão
E eu ouço um gemido de agonia...
Meu sangue e carne esfriam,
Como mergulhados no gelo,
Como se perdesse o controle, 
Em tamanha emoção.
Bate meu coração
Dilacerado, aflito
Feito um cão;
Um cão que uiva na noite
E a escuridão.
Há um alarido neste som magoado
Que só escuta o meu coração.
É sangue, dor, saudade;
Saudade viva numa ave morta.  
E um âmago aflito.
Alma agônica,
Um paiol de saudade.
Existem em vão
A sempre-viva, amarela, morta,
Cristal, transparência, que não vejo
Em meio a constatação.
É uma presença errante;
Uma flecha que parte,
Para por outra no chão.


(Ednar Andrade). 

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Escrever, desenhar... Pensamentos...


                                                      Escrever 
                                                         É  
                                                            Desenhar 
                                                              O
                                                                Pensamento 
                                                
                                                                  (Ednar Andrade).

Simples assim


Simples assim, como tudo que é grandioso pode ser muito "simples", não precisa ser grande, basta ser "grandioso."

Tão infinitamente supremo como o amor, sentimento que não se explica. Falo do "amor", não de amor... De amor falamos ou falam todos, confessam, pintam, bordam... Mas, simples e "grandioso" sentimento, anda em falta.

Nas prateleiras, camisinhas estão à venda e há quem chame sexo de amor, quem veja ou tenha com elas afinidades, eu, sem drama e sem pretensão, prefiro amar, a ter ou não razão. Simples assim, é preciso ter simplicidade para ter ouvidos.

Assim (nesta manhã) concluo: é preciso ser grandioso para não ser apenas grande.

Olhar em volta e sentir-se amado, e grandiosamente ser feliz, feliz como as ondas que vão e vem num balanço desigual, sem questionar.

Apenas ser grandioso e feliz, fazer também.

(Ednar Andrade)*****

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Movimentos e versos



Olho-te,
E assim permaneço
Por longo tempo a pensar...
Tua beleza é ímpar,
Teus verdes braços
Para mim, acenam...
Induzindo o vento
A me beijar a face...
Num doce balanço
Em que tuas palmas
Parecem crinas...
Em teu tronco
Agitas o vento,
Numa dança toda tua,
A natureza te fez
Para por vida
Na vida,
Teus movimentos são versos,
Poemas, acalanto...
Num indispensável balé
Teço estes versos
Que careço,
Para me sentir livre.
E mandas que o vento
Passe por mim
E deixe uma carícia...
E fazes gestos
(Parecem feitos para mim)
Que leio com saudade.
Velhos companheiros,
A tudo assistes
E persistes:
Ao frio,
Á seca, ao deserto,
Ao apelo de tudo.
E neste teu movimento,
Me amparo.
Tua sombra é o refrigério
Da minha alma...
Do teu som,
Saem notas verdes
Dentre a folhagem...
Coqueiros...
Seu balanço me anima,
Me aninha, me acalma.
De ti, vem um sussurro
Que me acaricia a alma,
Das tuas palmas;
O palco que pintas
E uma harmoniosa natureza,
Singela beleza que amo mirar.  

(Ednar Andrade).



quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Infinito no verso (reverso)



Minha alma está doente... E a cura só vem quando declamo, quando rasgo a dor com poesia... Ontem, de tão triste, o meu peito abriu, e num descuido meu coração partiu, despencou da prateleira do amor, fiquei gemendo... Deitei-me no chão da minha saudade... Com tanta dor... Que o mar, o vento, as estrelas, todos os astros, vieram ao meu socorro... Quando tudo que eu precisava era ver e sentir o calor do Sol... Deixar meu corpo se banhar da sua luz... Iluminar os meus desejos com seus raios em fogo.  Beijar a boca da carne nua e por, dentro de mim, a sedução daquele olhar que não vejo. Ai... Ontem uivei como uma loba perdida dentro da escura noite. Engoli meu pranto para não acordar o meu segredo e chorei baixinho; abracei o meu lençol...  Havia nos meus olhos uma ferida aberta; uma fenda que deixava escapar um rio transparente de agonia. Como desejei que fosse dia... Dia de correr no campo como um bichinho brincalhão, uma borboleta livre, pássaro cantante dentro da mata, ver passar o dia como que mirando as águas de um rio que conheço e deságua em minha emoção, levando na correnteza as mágoas e o frio da espera infinita de ti.  Dia de ser o teu barco náufrago e, nestas águas mornas, ficar em tuas mãos como um pequenino barquinho. Dia de ser viçosa como a flor bela da manhã, ser como a aurora que se mistura ao dia. Ser singela como a flor do campo, que alguém descobre sem saber o nome e ser apenas silenciosa... Nos ruídos do amor e no seu contentamento, ser profundamente amada na relva dos teus desejos. Como sonhei com o carinho mudo que de tua boca viria me fazer chover de emoção, de felicidade e de paixão, mas a violência da saudade mata a realidade sem perdão, sem escrúpulos e sem permissão. Cruel castiga o peito, fustiga, faz escorrer um fel dos olhos que desce e atravessa a garganta e vai até o lugar mais fundo da alma, o lugar mais escondido do amar... Invade-me como uma espada dentro da noite a rasgar-me as feridas feitas das lembranças... Sento-me no pó deste inferno, para tecer a trança infinita deste sentimento algoz e íntimo, num duelo de constatação.

...É desta dor que me habita, que me alimento e respiro, bebo, nesta fonte “indesejada que desejo” (e quero tanto...). E morro e vivo, para renascer plena de todos os suspiros e sussurros que me faz este sentido, que ora beija, ora bate na face de forma escancarada e contida; diálogo mudo que travo com o mundo; frases escritas com saudade e medo num desespero que me arrasta calmo, que empurra ao tudo, e ao mesmo tempo ao nada que podemos... Assim, com o coração em fragmentos, sigo, segues, como que juntando os destroços em total tristeza; a carne em lamentos, querendo tanto este querer permanente em mim e em ti. Não sei se há nele bênção ou maldição, mas sei o quanto nos queremos sem pensarmos na razão. Somos conduzidos pela mão suave e perigosa com infinita paixão algumas vezes lascivo, cheio de luxúria carnal, ardentes e céticos de outros sentidos, não há neste sofrer lamento mais gemido do que a dor deste querer... Um querer errante, pagão, maciço, barulhento como é, fez-se trovão, e acordou em nós, partindo o coração, maré, enchente desperta na noite, sai pelas narinas em forma de ar... Perfumando as rosas, fechando ou abrindo abismos, nos faz, deste olor, amantes... Sublimemente perdidos. Não há como medir, só sentir, e mergulhar cada vez mais... E de tanto querer, almas sem juízo, sem juiz que o julgue, viver com verdade este delito, sem culpas, ilhados na cumplicidade tocar a carne quente dos que descem ao inferno, para chegar ao céu do amor sonhado.

(Ednar Andrade).

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Pátrilhota


Sinto inveja da Lua
Que mergulha naquele mar;
Banha-se na lagoa.
- Ai como quisera agora estar...
Ao frescor desta noite
Mirando, sentada na grama,
O canto de alguma coruja
Ou o piar de algum pássaro
Perdido que, distraído, caiu do ninho.
Como quisera eu agora,
Na penumbra do terraço
Olhar pro chão e ver o bordado
De prata com os efeitos da Lua.
Como quisera sentir o cheiro
Do mato, o arrepio do frio,
A solidão da sala, a luz apagada.
Como quisera neste instante voltar
Como num filme a vida mansa,
Ter a presença dos que já não tenho;
Ouvir do cão, o latido.
Aquele cão, tão pequenino,
Que cuidei como menino.
- Ai como minha alma sofre
E sente e quer a felicidade
Que o destino levou de mim de forma bruta (meu irmão e meu pai).
-Ai como gostaria de armar a rede e cantar
Até que um certo anjo adormeça em meus braços (Julinha).
Um anjo magrinho, de braços longos, olhos pretinhos,
Cabelos lisos e da cor do Sol e sorriso belo.
Ali, no mesmo lugar, onde vi crescer o meu anjo Gabriel
- Ó Lua, tu que me vistes nua!
- Ó vento, tu que trouxestes em teus redemoinhos
O perfume das flores silvestres,
Vem nesta noite para meus sonhos
E me faz crer que a felicidade continua.
Que o meu sofrer nada tem de verdade;
Que tudo isso é só saudade e que logo vai amanhecer.

(Ednar Andrade).

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Vai Passar


Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como "estou contente outra vez". Ou simplesmente "continuo", porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência.

Claro que no começo não terás sono ou dormirás demais. Fumarás muito, também, e talvez até mesmo te permitas tomar alguns desses comprimidos para disfarçar a dor. Claro que no começo, pouco depois de acordar, olhando à tua volta a paisagem de todo dia, sentirás atravessada não sabes se na garganta ou no peito ou na mente - e não importa - essa coisa que chamarás com cuidado, de "uma ausência". E haverá momentos em que esse osso duro se transformará numa espécie de coroa de arame farpado sobre tua cabeça, em garras, ratoeira e tenazes no teu coração. Atravessarás o dia fazendo coisas como tirar a poeira de livros antigos e velhos discos, como se não houvesse nada mais importante a fazer. E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços.


Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio. E morbidamente talvez enumeres todas as vezes que a loucura, a morte, a fome, a doença, a violência e o desespero roçaram teus ombros e os de teus amigos. Serão tantas que desistirás de contar. Então fingirás - aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam. Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho. Achando graça, pensarás com inveja na largatixa, regenerando sua própria cauda cortada. Mas no espelho cru, os teus olhos já não acham graça.
Tão longe ficou o tempo, esse, e pensarás, no tempo, naquele, e sentirás uma vontade absurda de tomar atitudes como voltar para a casa de teus avós ou teus pais ou tomar um trem para um lugar desconhecido ou telefonar para um número qualquer (e contar, contar, contar) ou escrever uma carta tão desesperada que alguém se compadeça de ti e corra a te socorrer com chás e bolos, ajeitando as cobertas à tua volta e limpando o suor frio de tua testa.


Já não é tempo de desesperos. Refreias quase seguro as vontades impossíveis. Depois repetes, muitas vezes, como quem masca, ruminas uma frase escrita faz algum tempo. Qualquer coisa assim:


- ... mastiga a ameixa frouxa. Mastiga , mastiga, mastiga: inventa o gosto insípido na boca seca ...
(Caio Fernando Abreu).

domingo, 21 de novembro de 2010

Smart Eyes



Olhos atentos...
Castanhos... Espertos...
Observam,indagam,
... Assertivos e certos.

Brincam, buscam,
Espiam lentos...
E de lado, saindo, 
Vão-se em doces movimentos...

(Danclads Lins de Andrade).

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Um cantar, um encanto



Navego neste teu pensar,
Assim como um barco pequenino...
...E nesta lira reflito-me e sonho*****
              "
Dizer-te belo é pouco, sussurro.

Então, digo-te: - Cem palavras minhas... E nada digo... Sem palavras...
Fico.
Fico debruçada em pensamentos e imagens, me vem socorrer o coração aflito.
Vou rezando em busca de socorro, implorando aos céus  o ar que perco e neste desatino permaneço, 
Enquanto morro... Há no céu um silêncio, e o silêncio se faz música no ar.
És assim como um desgosto que gosto de sonhar,
Uma praia deserta, um rio dentro do mar: (Iemayá Assessu)... Um encanto, um cantar,
-Quase lamento-
(Um mantra que louva um descontentamento...)
EM VÃO...
Um vagar no vento,
Um sorrir e querer chorar, escondido em meu olhar.
Mãos que buscam as palavras que invento, para a lira deste amar... Rimar...
Sonâmbula,
Torta, como uma velha árvore, quase descambo, tropeço no verso;
MARCADA.
Como um esquecido tronco no deserto envergo, plantado, balançando ao vento que passa,
Irreverente e barulhento; 
Não pára, para me olhar... É meu este distante mar, de mais ninguém...
SUPORTO O TEMPORAL,
Carrego nos ombros a vela desta embarcação,
Minha búsola, já enferruja ,
 ...E mesmo assim navego....
Sigo o  rumo ,
                           ''
.... Sou  o meu deserto o meu mar, o meu rio,
E rio...
Leito vazio.
O azul das águas ficaram turvas e confusas, uma realidade distante se faz porto
INSEGURO...
Aporto e sinto no rosto um frio que faz vacilar.
A hora é morta, rasgo as vestes,
Dispo-me e caminho...

(Ednar Andrade).

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Assim como a brisa...


Minha conclusão, aos 53 anos, é de que: bom é ter alguém para compartilhar o "viver". É maravilhoso ter um amor que não traduza a posse do objeto amado.

Um amor onde não haja a necessidade de territórios marcados, onde, nesta relação, cada um é quem é, sem subterfúgios, lavados, claros, transparentes no pensar e no agir. Amor não implica controle, nem submissão. Quando sentimos algo inquietante no peito, na cabeça, como tantos proclamam em seu santo louvor e nome: amor, ele não é sofrimento que consome, tem que ser suave o seu sentir, tem que haver prazer, aquele prazer, nas mínimas coisas. Sua presença há de trazer bem-estar, se não for assim,  se já não formos capazes de ser como antes, se perdemos o gosto pela liberdade e ao mesmo tempo queremos ser o herdeiro deste bem alheio e sagrado... Aí é chegada a fatídica hora, o instante é de "reflexão"... Não estaremos, assim, amando; estamos é adoecendo, e com certeza causando ao outro uma possibilidade de também ficar doente. Porque: o amor é um sentimento livre que não sobrevive a prisão(ões) ...Ele alimenta-se da sua liberdade de ser.

O amor um pássaro gigante com asas estendidas, prontas para alçar voos excitantes. Promete ser fiel a quem sabe amar. (Amar) é um ato sublime, profundo... Assim como viver: "respirar"...(?) Respirar... Quem poderia viver sem ar? O amor para ser vivido precisa de material maduro como: confiança; não no outro, mas em si... Preciso é também que o meu caminho e o do outro seja regado com uma chuva mansa de sabedoria e conhecimento de que o outro não é "seu"; é antes de tudo "propriedade particular de si mesmo", e que num gesto de amar está contigo na busca de ser feliz, mas isso não *quer dizer que seja para sempre ... Já disse o poeta que: "sempre não é todo dia". Eu concordo também com aquele cara maravilhoso que nos ensinou a máxima: que seja infinito enquanto dure... (Mas como também dizem que o Amor é cego; poderá ser enquanto duro infinito). Tenho tentado amar, pois quando somos ainda bem jovens não sabemos definir o inexplicável movimento desta forte onda que carecemos ter para sentirmos-nos completos.

A maior prova de amor que já pude dar e ter está contida numa frase que, por inteira necessidade minha, num momento de total desatino senti (Quem ama liberta*). Este foi o meu teste de fogo, é quando em dado momento tu, que estavas seguro em tua torre , e ela era a torre mais segura possível, parece que tudo é perfeito, nada te falta, até tua miopia te faz um bem inestimável... Para que ver o que te cerca? Se estás na lama e está quentinho, isto te traz uma falsa sensação de pleno ninho (É lama, mas está quentinho...) (E DAÍ? PARA QUE TENTAR SAIR DESTE CONFORTO, SE POSSO DESCOBRIR O TREMOR DO FRIO?) E vamos seguindo, chamando submissão de amor, esta coisa pegajosa acompanhada de neurose e descontentamentos, sem olhar na cara do outro, que por sua vez fica covarde... Piedade? Para que? Verdade. Esta sim, foi minha genitora, foi esta grande que pariu para mim a real identidade do amor.

Volto à minha frase escudeira e reafirmo: - Quem ama liberta-se e também liberta. E que é preciso amar com o corpo, e com a cabeça continuar sendo infinitamente seu, seu maior patrimônio é ter-se como seu, dono das suas vontades, idas e vindas e amar, e porque não amar? Amar sim. Mas, livres, assim como a brisa.

Penso que estou na trilha certa, minhas asas cresceram... Aprendi que voar é o mesmo que ser livre e  faço aos outros aquilo que quero que me façam; amo  sem exigir amor. Minha alma gêmea eu sou, e me amo com um amor nunca antes a mim doado.

(Ednar Andrade).

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Poesia




Até parece sonho,

A verdade que componho...
Alma transparente,
“Pele nua”, traduz meus sentimentos
Sem nenhum pudor.
Como verso, pura quimera... Diriam...
... E a vontade de viver.
A rima é o contra-verso... E o re-verso.
Se é para falar, silencio...
Se é para rir, choro...
Se tiver saudades, canto...
Se vier o medo, sigo...
Sem olhar para os lados.
Meu pássaro alado,
Meu mais velho invento...
Assim sigo, segues
Como irmãos e filhos,
Mãe e pai do tempo,
Aprendizes, somos.
Vagos de incertezas;
Plenos desta prosa;
Pobres de ilusão.
Coragem,
Loucura,
(Coração de poeta),
“Corpo de mulher”,
Sentimento em universo.
(Solto dentro da prisão
Abstrata do amar...)
Parece sonhar o poeta,
Quando diz
A mais pura flor da verdade
Em seu sonho.
Esbarro, num caudaloso rio de mim
E, não me banho...
Meu leito vira rio
Para o deleite do espanto (...)
A minha melhor prece é a poesia,
Onde planto versos
E colho rimas.

(Ednar Andrade).




terça-feira, 16 de novembro de 2010

Convite à Paixão


Hoje me bastaria,
Não mais que o teu abraço
E eu sanaria todo este tédio.
Mas, não te busco...
Em vão seria eu te procurar.
Não estarias, por certo
E o meu peito aperta aberto.
Me roubas a respiração.
Sinto uma saudade!
Faz assim não...
Me telefona,
Me diz, qualquer coisa...
Diz que me ama,
Que pensa em mim.
Diz que ouviu ao longe
A voz do meu silêncio.
Diz que sentiu saudade
E que deseja ardentemente me abraçar.
Me sentir, me tocar.
Que eu, inquieta que estou,
Acalmaria este desejo de te amar.
Este desejo que já não me dá paz,
Toma conta dos meus sentidos
E me propõe uma paixão,
Que eu já não evito
E quero te dar.

(Ednar Andrade).