sábado, 30 de novembro de 2013

Nada mais


...Espreitava o sol, calava a lua. 
Tão silenciosos quanto as pedras. 
O riso e falas daqueles corações. 
Era manhã. 

E nada mais podia ser tão belo* 
Nem tão morno, 
Tão sublime, 
Era aquilo, 
Era único. 

Deles.

(Ednar Andrade).


sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Das flores*


Os homens homenageiam seus mortos, quando deveriam silenciar, pois, toda ausência é silenciosa.

Doam flores e dizem rezas, explanam ao vento inúteis lamentos. Não é descaso, nem descrença, tampouco invasão à dor alheia.

Todos os anos, pintam cemitérios, tumbas, ornam lápides, lustram quase a espelho uma casa onde ninguém mora: o túmulo.

Acredito nas flores e na alegria e nos sorrisos que os já mortos poderiam ter gozado. Precisaria ser “dia de finados” para doar flores, doar poesia, demonstrar sentimentos? Onde mora a saudade, longe deste dia no calendário? São perguntas que não calam. Dia de todos os santos, a morte causa santidade? Desperta amor?

Quantas vezes está ali ao lado a pessoa que hoje te faz chorar e jamais moveste os braços na direção de um abraço, jamais olhastes nos olhos para doar um pequeno gesto de gratidão, um elogio, uma carícia, apenas.

A vida é hoje, repito, repetirei tantas vezes quantas forem necessárias.

A vida é hoje. Não espere ver alguém sem vida, não espere ter saudade para doar gestos, sentimentos, amor, para quem já não pode receber.

(Ednar Andrade).



sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Implícito


Abraço,
O poema
Que diz tudo
Que a boca
Nem... Pensou


(Ednar Andrade).

domingo, 13 de outubro de 2013

Homem


Germina.
Alheio
nasce,
Floresce,
vive,
cresce
Então

morre.

(Ednar Andrade).

sábado, 12 de outubro de 2013

Um grande amor


Como crianças, assim como parceiros nesta dança, estavam lá. Mãos dadas, pés na areia, calças arregaçadas, pés molhados.

Amigos, lembram de um tempo vindo das valsas, do amor… Dos sonhos, daquele distante paraíso da mocidade. Ele com o olhar distante, me contava sobre um tempo em que aquele amor ainda era menino.

A vida os arrastou por outros caminhos; não foi desamor, talvez, quem sabe, o destino.

Ainda muito moço, partiu, foi em busca da sorte, do pão; converteu em glória a saudade. Assim José deixava-se levar sem olhar para trás. Do passado só carregava no coração aquela imagem de mulher: sua musa. Homem bonito, forte. Sempre viveu para o seu dia mais lindo. Viveu com sabedoria a sua mocidade, com todas as responsabilidades; um bom nordestino, fiel às suas raízes; homem simples que teve que ir à guerra… Nunca tirou do peito este escudo: a saudade da sua amada. Viveu para este encanto que seria o dia em que a boca daquele homem diria, por certo, palavras guardadas. Mãos cansadas… Carregava muito carinho nos seus cabelos brancos. Mas, vermelho era o coração de um amor todo bordado. Assim viveu José; corpo de homem, cabeça de menino, por ser isento de maldades e coração bom… Olhar puro, sincero. Olhava parado, como que falasse neste olhar. Olhava para mim sorrindo, demonstrava por mim um carinho lindo e falava do amor por “Raqué”. Falava-me como era lindo o amor por aquela mulher, buscava em mim, José, o refúgio que só um náufrago buscaria em alto-mar; alguém ou algo que o mantivesse vivo, por haver ele, José, compartilhado comigo seu grande segredo, em suas poucas viagens, visitando a terra natal; berço que nunca esqueceu, veio um dia de tão longe, tão longe… Só queria abraçar, colar o rosto e beijar a boca da sua princesa, dona de toda pureza, que nunca lhe foi mulher. Vê-los como os vi… Foi tão lindo! Foi como assistir a um filme romântico; eles apaixonados, felizes, encantados. Sem calendário, longe do tempo. Ali, tudo que contava era aquela euforia………………………………………..

- O amor é um sentimento estranhamente conhecido, ele não se perde do objeto amado; ele até te confunde. Ele pode te deixar bobo.

- Pode o homem viver no mundo sem tal sentido abençoado? Como viver? Como senti-lo e não reconhecê-lo?

Para mim bastava-me olhar para aquele olhar calado para ver e entender que ali estavam mais uma vez felizes, sem tempo ou idade; conversando, para, quem sabe, o grande prêmio: uma noite, apenas. E caminhavam lado a lado, com silêncios falados pela boca da emoção contida. Tanto amor, tanto carinho negados.

Ele: um senhor, assim como descrevo: feliz, risonho, buscando no contar das horas um correr contra o tempo…

Eu confesso, olhava para o outro lado como que para poupá-los da exposição. Não queria constrangê-los… Notava-se, na palidez da pele o traço, as marcas do nada generoso tempo. Mãos envelhecidas, cansadas, um tremer na voz dos enamorados. Fico imaginando quantas noites ficaram acordados, rezando, pedindo a Deus este encontro tão desejado.

Agora, gestos vagos, uma vontade de voltar para o tempo perdido. Estavam os dois ali, nem mais amantes, em comunhão, cúmplices, amigos… A noite já ia longe; a carne já não respondia com tanto vigor a tanta emoção. Eu os observava com muita discrição. Fingia olhar para o outro lado, mas não podia deixar de saborear um momento tão lindo; um amor tão raro. Cúmplice, ali, daqueles dois. Era natural notá-los cansados. Eles juntos somavam mais de cem anos; somavam, multiplicavam e não se dividiam. Cada um em sua estrada, uma história fazia. Bem, poderia ser um conto ou um filme com direito a avançar ao ponto de partida ou voltar. Mas, com uma sabedoria que só o passar dos anos dá, eles tinham um único e feliz momento, sem ali se importar se haveria um outro encontro. Como meninos no dia da Festa do Amor Divino…

Raqué – nome abreviado por José – era mulher forte, de corpo franzino, estatura baixa, pele muito terna, tinha um olhar contido, falava pouco, talvez com medo de deixar partir a alma.

Vinha do mar um perfume especial, feito de sal e algas que, misturados aos nossos perfumes, produziam uma espécie de incenso no ar.

Eu usava um floral forte que, soprado pelo vento, era como um prêmio naquele momento.

Na mesa, batatas assadas em forno grelhado… Tudo era perfume. Voltavam então do passeio, Raqué e José; voltavam de mãos dadas, mais pareciam meninos. A felicidade estampada na boca, no olhar, nos gestos, parecia rejuvenescê-los, quase que santificados pelo divino instante deste reencontro sublime. Senti que estavam cansados, pois caminhavam mansamente; olhavam-se; davam risadas. Enfim, voltaram à mesa. Sentaram-se ali, do meu lado. Pergunta alguma fiz-lhes, mas ele me agradeceu. Disse-me assim José:

“Olha fia, deixa eu te dizer uma coisa: se eu morrer hoje, vais ao sepultamento de um homem feliz, pois tudo que eu queria na minha vida era voltar a ver Raqué, a beijar esta mulher: o amor da minha vida. Agora posso morrer”.

Ficamos ali, sentados, falamos de coisas banais, falamos de coisas amenas, pois qualquer coisa, além do que eles falaram não teriam de fato valor. Até porque, a única voz que o vento poderia ouvir era a voz daquele amor. A noite estava tão linda; era noite de lua, lua cheia. Nós estávamos sentados tão perto da praia que parecia que as ondas queriam molhar nossos pés. A espuma branca em que eles pisaram era como que um tapete bordado que a natureza fez para recepcioná-los. Ficamos então satisfeitos… Todos, eles e nós que fazíamos companhia a este sacramento, pois na verdade éramos cinco: Raqué e José, eu e mais dois amigos. Existia entre nós uma cumplicidade e nada, assim como a história de José, nada, nem o tempo, nem a tristeza me fará duvidar do amor. Saímos dali, os cinco, cada um para o seu destino. No caminho de volta, todos em silêncio como que reverenciando aquele momento ímpar. Eles estavam já bem cansados, haviam caminhado muitos anos de vid a e luta árdua, mas nunca mataram no peito a certeza de que um dia, com tamanha e real alegria, o amor que julgavam haver perdido.

Esta é a história real de Raqué e José. O tempo passou… José voltou ao seu reduto, forçado reduto, pois ali só morava o corpo; a alma e o sentimento ele depositou no coração de Raqué. Ás vezes José me escrevia, passou a viver das lembranças doces que eternizou desta noite, pois não houve uma segunda noite. José foi ficando mais velho, mais cansado… Veio-lhe a impossibilidade pelas doenças… Raqué também guardou consigo esta tão grande felicidade: uma noite com José. Tempos atrás, não tão distante, José partiu para sempre, deixando no meu coração uma saudade que finda e um exemplo vivo que alimenta em mim a certeza dos que amam. Sei, leitor que você pergunta: e Raqué? Te prometo que no próximo capítulo falo de Raqué.










(Ednar Andrade).






quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Outras flores


*Café fresco, pão com bastante manteiga. Vou ruminando os pensamentos, sem palavras dizer.*

Despertar cedo, abrir as portas e ver que a vida recomeça sem pedir licença. São gestos quase mecânicos: abrir o armário, buscar um velho e bem surrado short jeans, curto, bem curto e já, como eu, com sinais dos tempos.

Lá vem o sol*. Como é lindo!

É maravilhoso segurar sua pequena mão e sair pelas avenidas, explicando tudo ou quase tudo que suas perguntas exigem. Ávida de vida, plena de fantasias, busca em tudo uma história, um conto novo e os seus encantos pela vida, crescem com ela em cada escalada da escada que há na esquina no caminho da escola.

É assim quase sempre, salvo quando nestas manhãs chuvosas, o inverno ainda insiste em regar as flores da nova primavera.

Despertar com um olhar que me aponta os dias vividos no contar dos minutos em que as passadas largas, entre risos, fazem os dias serem  nova história. A caminho da escola desbravamos mundos estranhos, pessoas interessantes, muitos pássaros e cães largados nas calçadas. Os bichos assim como os homens tem tantas vezes contraditórios destinos: uns nascem para causar brilho; outros para viverem apagados.

Assim vamos, atravessando as avenidas, seguimos a três, intercalando as imagens dos lugares onde a vida conta com cores um arsenal depredado, praças abandonadas, os bancos ali permanecem, como digital ou trecho de uma canção: “a mesma praça, os mesmos bancos” (Ronnie Von), mas são outras flores, no mesmo jardim.

Eu ali, naqueles maltratados bancos, quantas vezes sentei para ser avó e esperar a noite chegar; outras, sentavam-me á aquela rendada sombra de palmeira imperial, para escrever imaturos versos que a dor ou  a  alegria causou.

A cidade move-se num giro veloz, passam carros e fumaça, parece que nem as pedras permanecem no lugar.

E a moça vida vai ficando senhora dos acontecimentos. Por lá passam e passaram tantos homens com seus sonhos. Eu também ainda passo a cada nova manhã. Olhar divagando sem pressa os raios de sol e as sombras, mão na mão, pausas e sem espanto, sem medo, o tempo passou, tudo passa.

Café quente
Pão sem queijo.
Para ela, todos os beijos.

Somos  trindade
Nas doces manhãs;
Reza.

Júlia,
Danclads
Ednar.

(Ednar Andrade).

sábado, 21 de setembro de 2013

Des-com-passo*

   (Imagem por Matin Sranska).

Está tudo perfeito fora do peito.
Em cada canto um desencanto.
Em cada rima , descompasso

Passo, disfarço olhar e cisma
Desfaço; o desfeito é arte de estática.
Sem métrica, con(m) texto.

Métrico (losos) Ter (cetos),teço
Tu-do
Es-tá-ti-co.


(Ednar Andrade).

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Descuidada

    (Tela de Steve Hanks).

"Quem nos dera, hein??

“Sentar à sombra de alguma árvore, molhando os pés vez por outra para se refrescar do calor, comer uma fruta caída, morder uma goiaba verdinha, ouvindo o canto dos pássaros e, assoviando, tocar descuidada, os cabelos e tecer uma trança.”

Na mão um livro, no peito um amor, daqueles que faz vibrar a carne, daqueles que faz um dia de chuva ser poesia e/ou de repente sair pela avenida tomando banho nas calçadas sem se importar com os olhares (olhares disfarçados) e sorrisos necessários, necessários como o aplauso na hora final (Rs). Tanto faz. Suponho, pois na hora final nada mais faz sentido a quem, deitado em berço de terra apenas nada é.

As pessoas vivem o hoje e descansam à sombra das saudades que com elas moram, deitam, dormem e fazem imagináveis sonhos assumirem imagens com quase vida. São tantas as saudades que o homem carrega. O calendário é tão curto. Algumas flores nascem e morrem no dia em que desabrocham.

Hoje acordei, mascando pensamentos que o festejo da neblina me trouxe. E eu sei que quem poeta, diz coisas loucas e forasteiras. Fala de sorrisos quando chora, chora quando devia rolar de rir. Eu sei que, como uma ave solitária, a poesia se esconde no olhar calado do homem incrédulo de si, posto que a cada um, tantas blasfemadas dores, roubam-lhes o tempo do sonho, o tempo de permanecer verde e guardar na boca da memória o sabor doce que há nos frutos largados pelos caminhos. Mas o homem precisa de sonhos, de saudades, de fantasias, de amores. E até, dizem, de sofrimento para assim, como o ouro, reluzir perfeito (?) Rs. Dizem.

 *PERFEIÇÃO: palavra tola e torpe. De mim roubaria o direito a tantas loucas façanhas, tantas santas mentiras, que eu suponho ser preciso até um pouco de mentira. mas só aquelas que fazem crer no que não existe, quando é preciso continuar a batida na porta da coragem.

Daí louca e ousada, que insisto ser, paro, abro mais e cada vez mais a janela e ponho-me a mirar as ruas. As pessoas trafegam agitadas, parece-me que cada uma leva um fardo e que saibam todos não é para reclamar (?). Cada um tem na cabeça um mundo bisonho, um feliz e intransitável mundo delas, só delas. Graças a Deus! E ainda bem que nesta coisa de sermos todos cada um, cada um lê o seu livro à sombra do que lhe é sombra.

E eu quero ver o mar num balanço que, num vai e vem, me faz navegar na maravilha que há no infinito azul à sombra do meu pensamento, trançando numa dança avessa ao tempo um desigual contentamento.

(Ednar Andrade). (10.09.2013).


sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Caracol

   (Quadro "Mulher Caracol", de Maria Angeles Beusher).

Mas agora tenho andado
Por entre as folhas secas
Do meu pensamento
Assim como musgo
Recolhida no esconderijo
Da minha alma.
Agora, assim como aquele pássaro
Que se perdeu na noite fria,
Ando quieta e sem canto,
Dentro do meu desencanto
As canções, as notas,
São como o assovio de um vento
Ao longe...
Sou como a canção da lagoa deserta,
Sou como o beija-flor
Que não encontra o néctar.
Agora assim, como um caracol,
Tenho me enroscado
Cada vez mais dentro da concha
E de lá não saio.
De lá, só escuto o silêncio
Que de espaço vazio, ocupo.
Mas agora, que o dia desmaia
E o Sol silencioso se despede
Sou como aquela prece que ninguém
Pode escutar.
Sou como o canto triste daquele sabiá
Que aguarda a primavera e se veste
De esperanças marrons.
Antes das flores, tudo parece triste.
Tudo é como tudo está:
Quieto e sem cores.
Tudo deserto
De sorrisos e sem flores.
Sou como a pomba
Que se escondeu na laranjeira,
Sou como a orquídea
Que não mais brotou
E ali quieta, permaneci e estou.
Sou como as janelas que nas manhãs
Não mais se abrem para entrar o Sol.
Sou o espinho da rosa,
Tenho o peito sangrando;
As mãos erguidas
E o olhar sem luz.
A desesperança, a saudade, a tarde fria,
Os morros silenciosos, os versos perdidos
... E a vida.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Perdoar o tempo


Já, já, a vida anoitece
É hora de tecer
O fio dos sonhos,
Assim como a teia.

É hora de perdoar o tempo,
De enganar a dor com prece,
De fazer verso,
Como quem cultiva flor,

De pisar pedras,
Como quem pisa nas nuvens,
De dizer mentiras
Às verdades escondidas.

Já, daqui há pouco
O manto cinza desce
O que era cedo é tarde
O que era tarde é nunca

O que é nunca será sempre,
Porque a canção de tocar silêncio
É aguda como faca,
É fria como punhal,

Mas a tarde cai
E a aranha tece, tece, tece,
Tece.
Mas, não cresce.

(Ednar Andrade).

Flutuo


Um tanto
Tântrico,
Um quanto
Quântico.
Sorriso é silêncio.

Olhos fechados
Palavras flutuam
Sobre minha cabeça
Um poema.

Um quanto
Tântrico,
Um tanto
Quântico.
Teu sorriso
Silêncio das palavras.

Quase adormeço
E neste quase quanto
O que não digo,
Calo.
Aperta o peito.

Mensageiro dos ventos
Orquestra.

Olhos fechados,
Franzida testa,
Palavras
São mantos
Cobrem-me a face
Gesto sem gestos.

(Ednar Andrade).

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Estupro



O inferno tem escadarias,
Corredores turvos 
E sombras que assombram...
Medo!

O medo tem som e silêncios.
Gemidos e enxofre...
Perfume agridoce.
Tormento.

Lá, as horas não passam,
Não há tempo, não há tempo...
E o tic-tac é lamento, lamento...
Riso e pranto, dor, descrença

As frestas são mundos
Imensos, imundos,
São noites, dias,
Nem vida, nem morte: inferno.

Anjos que guiam o nada, sem sorte.
Demônios apontam, estraçalham
E comem as alegrias, estupram os sonhos...
No céu deste inferno: anestesia é sorte.

(Ednar Andrade).

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Eu



A escuridão
Aborta a luz
E eu sou cega

Como quem pare
E não descanso;
Canso!

É fria, a carne
E o silêncio
Me faz gemer

Sem crer
Que o que virá
Virá dar luz,

Como aquele
Que de braços abertos
Morreu na cruz.

Eu, ao contrário,
corpo estendido,
Quieta, frágil e fria,

Abraço o corpo
Sem compreender
Esta agonia.

(Ednar Andrade).

sábado, 6 de abril de 2013

Sol-dade...



Café com leite
Uvas e pão
Contraditório e bom.

Sábado, sol-dades

(Ednar Andrade).