sábado, 3 de novembro de 2012

Amanheceu...



Amanheceram noites e sombras
... E desde então todas as noites são espera,
São versos que compomos
De saudades e quereres tristes e sós.

Amanheceu...
E eu te amo muito mais.
- seguimos as noites dentro do sonho
Abertos ao sonhar.

A noite é como um navio,
Como o leito de um rio
Se esvaindo na busca da correnteza
Com toda desventura da escuridão.

- meu ser solitário,
Tristonho em desabrigo
Busca no desvario que componho
Um pequeno gesto teu.

Como leve brisa,
Estrelas vagueiam na noite; sonho,
Buscando no nada,
Esquecidos carinhos.

Meu sorriso é raro...
Meus cabelos soltos
Exalam perfume, como um dueto,
Sou eu o vento; és ninguém.

(Ednar Andrade).

Onírico

    (Maia Flore, na série Sleep Elevation).

Acho que sonhei
Um sonho que não lembro agora,
Mas acordei sentindo um gosto,
Não sei se feliz,
Amarga-me a boca
Pesam-me os ombros e o corpo.

Acho que sonhei,
Mas não me lembro
Do haver sonhado.
Era algo que me tira
A calma ou me deixa
À flor da palma.

Não sei, não me lembro agora,
A que objeto entreguei o meu cansaço;
A que fragilidade expus minh’alma;
Em que momento viajei
Nas vastas asas.
Acordei, não sei...

(Ednar Andrade).