terça-feira, 27 de março de 2012

Contraditório


Apago a luz,
Fecho a janela,
Vou deitar o sonho
E despertar o cansaço.

A vida é breve,
É como a luz da aurora:
Tarde chega, cedo vai.
Contraditório.

(Ednar Andrade).



Quase dia


Quase dia, acordei
Quando era noite
A poesia invadiu
O que seria silêncio

E fez-se som e riso.
Quase manhã,
Lá vem o Sol
Pintar de luz

A vida 

Dos desenganados,
Abrir as flores,


Compor o canto dos pássaros.
Quase manhã,
Quase dia.



(Ednar Andrade).

quinta-feira, 22 de março de 2012

Poesia e pão


O poeta,
Ser reticente,
Ora triste,
Ora contente,
Não é vago,
Nem profundo;
Habita entre o amor
E o mundo;
Habita silenciosamente
Onde só a sua alma vai.
Está além do que não diz
Quando sente.
Poeta longo na sua infinita
Estrada e abstração permanente,
Também ama de verdade,
Também chora de contente.
É assim, que essa estranha alma
Que tira da dor, versos;
E molha de pranto,
A sua invisível mágoa.
Poeta é todo aquele que vive
E mesmo que não diga, sente
Que a poesia é como o pão
De cada dia que alimenta a carne
E derrama em rimas, como brisa,
A sua paz ou falta de calma
E segue neste seu leito de rio (rs).
Como criança, se encanta;
Como um bicho, se espanta;
Como o escuro, anoitece
E como gente que é,
Vive, envelhece
... Fenece

(Ednar Andrade).

quarta-feira, 14 de março de 2012

Ao dia do poeta


Quando nasci, chorava…
Hoje,quando sinto vontade de chorar…
Escrevo.

… E salve!
Todos os poetas e loucos!!!!

(Ednar Andrade).

segunda-feira, 12 de março de 2012

O trilho e o trem


Ás vezes fico
Entre o trilho e o trem,
Entre o sério
E o desdém;
Entre o que quero
E o que duvido.
Às vezes,
E são tantas as vezes,
O desabrigo aquece,
O que a dor esquece
De lembrar.
E outras tantas vezes
Não vejo o que há
Entre partir e ficar;
Querer e desistir.
Às vezes o vagão
É tão escuro,
Tão negro
Que qualquer luz neon
Pintaria de escuridão
O espaço.
Submergir, fluir, sofrer,
Sorrir, gozar, nada faz
Tanto sentido.
É como jogar-se
Da embarcação em alto-mar
E apenas, como uma pedra,
Submergir e lá ficar.

(Ednar Andrade).  

quinta-feira, 1 de março de 2012

Quem dera



Eu, ébria, louca, alucinada.
Quem dera,
Pudesse traduzir tanto silêncio,
Silenciosamente, tocasse a alma do vago,

O uivo que habita este espaço.
A margem gelada deste rio,
Que chorando arrasta-se no escuro breu,
Na noite vã...

Na total escuridão da verde folha,
Na sublime, agonia, que este querer
Faz tremer minha carne...
Quem dera, pudesse,

Beijar a boca da apneia,
Cair nos afagos do somente,
...E como quem na verdade sente,
Caísse trêmula,apenas somente...

(Ednar Andrade).