sábado, 9 de junho de 2012

Viver



E o que é a vida,
Senão sonhar até que a luz apague?
Porque com os fios dos meus cabelos brancos,
Costuro a realidade...

E faço deles, linha de prata para bordar o tempo
... E, no espelho, olho-me sem espanto,
Vou cosendo a vida, as alegrias,
Pincelando de prata os fios dos desencantos.

 ...E o que é o tempo,
Senão o calendário que não trai?
Os dias passam em brancas sombras,
Em morno leito de tantas saudades.

E o que é viver,
Se não houver no peito a infinita incerteza do que há?
O homem não borda, nem tece, nem pinta o que serve para amar.
E o que há é a certeza do que não há.

Ai... O que é o homem,
Este ser tão vago, esta permanente interrogação,
Este anjo ou monstro,
Dragão soltando pelas narinas, ácido e fumaça?!

(Ednar Andrade).