quarta-feira, 16 de junho de 2010

Fragmentos


Ei, estou aqui pensando em todo este silêncio;
"Silêncio que a minha boca rejeita".
O ontem tem hoje, nisso, uma parcela.
Ontem tanto, hoje nada.
E é o nada de hoje que me estrangula a quietude da alma.
É assim que você precisa me ver:
Andando absorvida deste jeito por mil pensamentos.
Pareço uma fera que ruge, presa.
Agora, por exemplo, a minha calma virou mar;
A minha lucidez foge totalmente.
Olho-me no espelho do meu quarto.
Minha fisionomia parece de uma mulher estranha,
Estranha demais para o sorriso dos meus olhos travessos.
Hoje eu queria o meu ontem. Que maravilha!
Repito minha frase: é quando pode dois, um ser.
Um pássaro, um pardalzinho desses, que tenho no quintal,
Que bom! Eu queria ser, pois só assim eu voaria para a tua janela.
Olhando nos olhos, no fundo dos olhos, eu te diria baixinho
Para ninguém ouvir que hoje me tiras a calma,
Da mão a palma, o riso, a razão, da voz o som.
Mas, diria também que tudo ontem foi bom.


(Ednar Andrade).