sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Nó...



Nó, sem começo, sem fim...
Neste sem fim, e afinal...
Nem festa, nem temporal: caminho...
Não sei parar...
E... Neste olhar sem rumo, rumina o meu calar.
... Eu sigo... E seguimos nós...
Vou, vamos neste vago tempo...
Me encontro pedra do jogo,
Na labareda deste fogo, queimo, queimas...
No desigual mundo, sou teu igual...
Novelinho sem ponta, sem começo, sem lugar algum...
Desassossego.
Farto-me de abismo, sou o perigo,
Meu infinito e meu desabrigo,
Porto inseguro – navio sem mar,
Neste desamar... Escorrego
De encontro ao fundo deste “oceanar”.
Barco sem vela... Para que lado foi a vida?
Caminhos sem despedida,
Guerra de esperar,
Heróis, sem resistência,
Um farol sem direção,
Faca de ponta afiada, luzente, quente,
És como o fogo,
Entorpecente, quente, és como o ópio.
Terço, rosário, ou prece... Teço, teces.
Tormento.
Canção, lamento.
(São dez, oito, horas... Amém).
O céu se veste de noite,
Cai a tarde, chega a escuridão...
... E o peito se aperta e se enrosca
No nó de nós...
Tento um canto...
Mas o desencanto
Me faz desafinar...

(Ednar Andrade).