quinta-feira, 25 de julho de 2013

Perdoar o tempo


Já, já, a vida anoitece
É hora de tecer
O fio dos sonhos,
Assim como a teia.

É hora de perdoar o tempo,
De enganar a dor com prece,
De fazer verso,
Como quem cultiva flor,

De pisar pedras,
Como quem pisa nas nuvens,
De dizer mentiras
Às verdades escondidas.

Já, daqui há pouco
O manto cinza desce
O que era cedo é tarde
O que era tarde é nunca

O que é nunca será sempre,
Porque a canção de tocar silêncio
É aguda como faca,
É fria como punhal,

Mas a tarde cai
E a aranha tece, tece, tece,
Tece.
Mas, não cresce.

(Ednar Andrade).

Flutuo


Um tanto
Tântrico,
Um quanto
Quântico.
Sorriso é silêncio.

Olhos fechados
Palavras flutuam
Sobre minha cabeça
Um poema.

Um quanto
Tântrico,
Um tanto
Quântico.
Teu sorriso
Silêncio das palavras.

Quase adormeço
E neste quase quanto
O que não digo,
Calo.
Aperta o peito.

Mensageiro dos ventos
Orquestra.

Olhos fechados,
Franzida testa,
Palavras
São mantos
Cobrem-me a face
Gesto sem gestos.

(Ednar Andrade).