(Tela de Raphael).
Quem viu nua a minha poesia?
- Tu, somente tu tocastes com as pontas dos dedos
O sentido de cada palavra,
A menor gota de silêncio de cada verso.
Quem viu a festa em meu olhar
Quando a chuva caiu
Surpreendente e sorrateira?
- Tu somente, tu.
Quem viu que o meu verso não mente?
Diz somente e tão-somente
O que a alma sente?
- Tu, somente tu e mais ninguém.
Quem bebeu comigo em graciosas taças
O vinho transparente de cada palavra presente
Na poesia que vomitei?
- Tu, somente tu.
Mão que segura a minha;
Olhar que vê o meu contente;
Tu que ris comigo e silencias
Quando choro.
(Ednar Andrade).