segunda-feira, 20 de maio de 2013

Estupro



O inferno tem escadarias,
Corredores turvos 
E sombras que assombram...
Medo!

O medo tem som e silêncios.
Gemidos e enxofre...
Perfume agridoce.
Tormento.

Lá, as horas não passam,
Não há tempo, não há tempo...
E o tic-tac é lamento, lamento...
Riso e pranto, dor, descrença

As frestas são mundos
Imensos, imundos,
São noites, dias,
Nem vida, nem morte: inferno.

Anjos que guiam o nada, sem sorte.
Demônios apontam, estraçalham
E comem as alegrias, estupram os sonhos...
No céu deste inferno: anestesia é sorte.

(Ednar Andrade).

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Eu



A escuridão
Aborta a luz
E eu sou cega

Como quem pare
E não descanso;
Canso!

É fria, a carne
E o silêncio
Me faz gemer

Sem crer
Que o que virá
Virá dar luz,

Como aquele
Que de braços abertos
Morreu na cruz.

Eu, ao contrário,
corpo estendido,
Quieta, frágil e fria,

Abraço o corpo
Sem compreender
Esta agonia.

(Ednar Andrade).