A escuridão
Aborta a luz
E eu sou cega
Aborta a luz
E eu sou cega
Como quem pare
E não descanso;
Canso!
E não descanso;
Canso!
É fria, a carne
E o silêncio
Me faz gemer
E o silêncio
Me faz gemer
Sem crer
Que o que virá
Virá dar luz,
Que o que virá
Virá dar luz,
Como aquele
Que de braços abertos
Morreu na cruz.
Que de braços abertos
Morreu na cruz.
Eu, ao contrário,
corpo estendido,
Quieta, frágil e fria,
corpo estendido,
Quieta, frágil e fria,
Abraço o corpo
Sem compreender
Esta agonia.
Sem compreender
Esta agonia.
(Ednar Andrade).
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