segunda-feira, 12 de março de 2012

O trilho e o trem


Ás vezes fico
Entre o trilho e o trem,
Entre o sério
E o desdém;
Entre o que quero
E o que duvido.
Às vezes,
E são tantas as vezes,
O desabrigo aquece,
O que a dor esquece
De lembrar.
E outras tantas vezes
Não vejo o que há
Entre partir e ficar;
Querer e desistir.
Às vezes o vagão
É tão escuro,
Tão negro
Que qualquer luz neon
Pintaria de escuridão
O espaço.
Submergir, fluir, sofrer,
Sorrir, gozar, nada faz
Tanto sentido.
É como jogar-se
Da embarcação em alto-mar
E apenas, como uma pedra,
Submergir e lá ficar.

(Ednar Andrade).