terça-feira, 31 de agosto de 2010

Amor profano




Te amo com gestos,
Ternura, num beijo eterno
Nunca provado,
Meu amor, sem medida amado.
Quero o teu corpo ao meu colado,
Quero o teu beijo molhado,
No teu prazer emaranhado.
Loucos, gozados, suados,
Momento tão sonhado,
Para mim, para ti...
Meu amor, o meu amor é tão lindo.
Eternamente juro: te amo.
Meu amor, quero viver só pra te amar,
Mesmo que distante,
Mesmo com saudades.
Quero ser tua mulher
Ou tua amante.
Te amo, juro.
Me amas?
(?)...
Juras? ... rsrs ...

(Ednar Andrade).

Luz


 
 ... E da cabeça e do corpo a nostalgia se esvaiu.
Não há mais silenciar, nem sofrer.
Agora é palpável o sonho.        
E da cabeça e do corpo a nostalgia se esvaiu...
De chagas, fiz cicatrizes,
Deixando penetrar profunda uma realidade           
Das dores, só há lembranças
Que sobressaem vadias
E somem sem que eu as mande ir.
Agora, nem sucumbir precisa mais meu olhar.
Deixei pisadas nas terras,
Onde cambaleei tonta,
Com alegrias poucas,   
E tristezas tantas...
Começo refazer sorrisos,
Hoje já não duvido
Que o futuro é pintado em preto e branco...
E reluz, em cada canto há uma luz, lilás, azul,
...E sem dourado...

(Ednar Andrade).

segunda-feira, 30 de agosto de 2010







(Por J. L. Silva).

sábado, 28 de agosto de 2010





Vivir sin Aire


Cómo quisiera poder vivir sin aire
Cómo quisiera poder vivir sin agua
Me encantaría quererte un poco menos.
Cómo quisiera poder vivir sin ti
Pero no puedo, siento que muero,
me estoy ahogando sin tu amor.
Cómo quisiera poder vivir sin aire
Cómo quisiera calmar mi aflicción
Cómo quisiera poder vivir sin agua
Me encantaría robar tu corazón.
¿Cómo pudiera un pez nadar sin agua?
¿Cómo pudiera un ave volar sin alas?
¿Cómo pudiera la flor crecer sin tierra?
Cómo quisiera poder vivir sin ti.
Pero no puedo, siento que muero,
me estoy ahogando sin tu amor.
Cómo quisiera poder vivir sin aire
Cómo quisiera calmar mi aflicción
Cómo quisiera poder vivir sin agua
Me encantaría robar tu corazón.
Cómo quisiera lanzarte al olvido
Cómo quisiera guardarte en un cajón
Cómo quisiera borrarte de un soplido
Me encantaría matar esta canción.

(Maná).



Homo Libris




O homem carrega dentro de si um livro,
Alguns com páginas jamais editadas...
Alegrias derramadas, sofrimentos contidos,
O homem carrega dentro de si o seu próprio livro.

Entre verdades e fantasias,
Seu habitado mundo
Pode ser seu próprio sepulcro.
Homem, bicho que pensa.

Escreve, arquiteta seu destino;
Feito para amar e mata;
Feito para beijar; maltrata.
O homem, arquitetura de Deus;

Obra feita com graça;
Órfão ruim, largado na desgraça.
Homem, tradução imperfeita
Do seu absoluto e reticente ser

É de si cruel e capataz.
Condenado está de si mesmo;
Sentencia-se por pura opção:
A ser feliz ou viver em vão.

Escreve tantas vezes,
Com letras invisíveis, histórias negras.
Em sua secreta alma habita o anjo
Do bem ou do mal

E com ele bebe fel, destila veneno
E perde a própria essência...

Mas há também o homem,
Aquele raro homem,
Que ao seu anjo atende,
Desfaz-se em amor

E vive contra qualquer sorte
Na guerra de vencer
O seu anjo da morte.

(Ednar Andrade).

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Prenúncio da Primavera


O dia está com cara de triste... Mas quem disse que chuva é tristeza? Chuva é a lágrima de Deus sobre os homens que desce para abençoar a vida, para fazer nascer o verde, e garantir a Primavera que já se traduz em pequenos botões de rosas, em ternas florezinhas. E através da janela, vejo o bailar das borboletas, “sinuosas bailarinas”, que, com todo encanto e graça, festejam o prenúncio de flores frescas e num fascinante balé beijam as flores como que depositando e colhendo segredos em seus perfumes.

A manhã está calma... E eu sonolenta, confundindo a tristeza com a minha poesia louca, pois “poeta é um louco sem diagnóstico”. Mas, o que seria da poesia se os poetas fossem sãos? Quem cantaria o amor, este sentimento que enlouquece? Quem poria melodia na tristeza? Quem exaltaria a solidão? (É preciso ser triste para ser poeta...) E continuo a pensar neste final de inverno que tece um véu fininho como uma cortina d’água, brindando a nova estação. Perfume no ar... Tecendo versos em flores no silêncio dos jardins. Magia no olhar, sonhos como pétalas. É a vida, o passar das horas, a mesma estação em outras auroras, a magia de ser e de estar no agora, o renascer da vida, no tic-tac das horas.

A natureza é mãe atenta e pinta, para o deleite do homem, mais uma vez esta paisagem colorida que faz sonhar - que nos venha a primavera colorir de certezas as esperanças, que traga nas avencas doces lembranças, substituindo as tristezas, pintando de alegria os corações.

(Ednar Andrade).

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

SIMPLESMENTE PAGU

   Pagu, Patrícia Galvão em 1929.


Perseverante, audaciosa e determinada.
Um olhar impetuoso de uma águia
O sol lhe aquece! Fortalece-lhe! E hora?!
Olha para o horizonte onde não vê limites.
Uma ave com coração árduo de mulher
voa livre, absolutamente desnuda para vida.
Sua pele sente a velocidade do vento.
Chega à frente do seu tempo e grita forte.
como se pudesse colorir seu mundo cinza.
Traz em seus braços um buquê de sonhos;
entre gostos e desgostos deleitam-se suas vontades
Muitas vezes em uma gaiola, como um pássaro sobrevive
Entre lagrimas e sorrisos. Ouve-se longe seu grito! Liberdade!
Compara-se com a força de um homem, nada lhe amedronta.
É torturada. Sem medo mostra sua história nua e crua.
Seu lado poeta se revela para todos em delírios.
Em seus sonhos não existem obstáculos.
Arrebente as correntes dos grilhões da história!
Mostra a cara sem medo e chora!

(Texto enviado pelo meu amigo João Evangelista, por Eliza Gregio).

Se eu calar


Se eu calar, a natureza
Com certeza
Cantará uma canção
Com rima e verso

Se eu calar,
Mesmo assim,
A alvorada chega
E as flores brotarão

Se eu calar
O meu silêncio
Cantará uma canção
Que a natureza escuta e transforma em oração

Se eu calar, com certeza,
A natureza uiva e diz
Coisas que o meu silêncio grita
Ainda assim, se a minha voz

Permanecer muda
A minha alma, assim, como um maestro,
Fará com que o mundo escute
Um tema lindo, que só fala de amor.

(Ednar Andrade).

sábado, 14 de agosto de 2010

Como você me doía de vez em quando


"[...] sabe que o meu gostar por você chegou a ser amor, pois se eu me comovia vendo você, pois se eu acordava no meio da noite só pra ver você dormindo, meu Deus...como você me doía! De vez em quando eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno, bem no meio duma praça, então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta, mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme...só olhando você, sem dizer nada só olhando e pensando: Meu Deus, mas como você me dói de vez em quando!"

(Caio Fernando Abreu).

"Luz e Sombra" (Fragmento)




"Não choro mais. Na verdade, nem sequer entendo porque digo mais, se não estou certo se alguma vez chorei. Acho que sim, um dia. Quando havia dor. Agora só resta uma coisa seca. Dentro, fora".

(Caio Fernando Abreu).

Abc do Preguiçoso





Marido se alevanta e vai armá um mundé
Prá pegá uma paca gorda prá nóis cumê um sarapaté
Aroeira é pau pesado num é minha véia
Cai e machuca meu pé e ai d´eu sodade
Marido se alevanta e vai na casa da tua avó buscá
A ispingarda dela procê caçá um mocó
Só que no lajedo tem cobra braba num é minha véia
Me morde e fica pió e ai deu sodade
Entonce marido se alevanta e vai caçá uma siriema
Nóis come a carne dela e faiz uma bassora das pena
Ai quem dera tá agora num é minha véia
Nos braço duma roxa morena e ai d´eu sodade
Sujeito alevanta e vai na casa do venderão
Comprá uma carne gorda prá nois fazê um pirão
É que eu num tenho mais dinheiro num é minha véia
Fiado num compro não e ai d´eu sodade
Ô marido se alevanta e vai na venda do venderim
Comprá deiz metro de chipa prá fazê rôpa pros nossos fiim
Ai dentro tem um colchão véio num é minha véia
Desmancha e faiz umas carça prá mim e ai d´eu sodade
Disgramado se alevanta, deixa de ser preguiçoso
O homi que num trabáia num pode cumê gostoso
É que trabáia é muito bom num é minha véia
Mas é um pouco arriscoso e ai d´eu sodade
Ô marido se alevanta e vem tomá um mingau
Que é prá criá sustança prá nóis fazê um calamengal
Brincadêra de manhã cedo num é minha véia
Arrisca, quebrá o pau e ai d´eu sodade
Marido seu disgraçado tu ai de morrê
Cachorro ai de ti lati e urubu ai de ti cumê
Se eu subesse disso tudo num é minha véia
Eu num casava cum ocê e ai deu sodade

(Xangai).

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Sem medo da sorte, viver...



Presságios, magias, crenças; tudo num "caldeirão de fantasias e medos"... Dizem coisas bizarras. Passar por baixo da escada, não usar vermelho, e uma interminável lista de bobagens... Fazem-me crer que o homem precisa de medos para ter seus próprios freios.

"O homem inventa" e na incerteza do seu imaginário. "Precisa de refúgio para abrigar sonhos; precisa de fé para suportar a vida; precisa de tintas que pintem com fortes cores seus cinzas sonhos... Afinal "as fantasia são o pão da alma" e sem elas insuportável seria a arte de viver.

É vital crer em qualquer força, "ainda que no deserto a paz não tenha aparente calma", de que precisa para ser jornada leve... Hoje é uma sexta-feira treze e alguém com "sorte" ou "azar" é maldito ou abençoado... E daí? E se não fosse treze? Não seria só um acontecimento festejado ou uma tragédia habitual nas vidas, vida a fora? (...) Seguimos neste deserto, certos de que nada é tão palpável entre nervuras e deslizes caminhamos nos dias com passos inseguros de eternos bebês, mesmo e com cabelos brancos sempre buscando nas experiências aprender... Aprender com a natureza, com as crianças, com o mendigo cheio de desesperança a lição do dia, observar como grandioso é continuar e crer; crer em si mesmo também é salvação, é socorrer o medo, e ser herói no desalento que cerca e torna frágil o ser que somos. Certa manhã observei, por puro acaso, uma cena iluminada; "olhava com espanto... Que besouro é este?e lá ia ele subindo pela parede.

Faltava-lhe uma perna que, por certo perdera em um acidente ou numa briga? Ou quem sabe nascera assim; mas, resignado e insistente, seguia com a destreza do guerreiro, com a certeza do caminho, o vencedor seguia... Na direção do dia, entre pedras e espinhos, passava pela minha porta atravessava a janela em direção da rua, seguia o seu destino; a natureza nos ensina a “lição do dia".

 A qual me fez parar e muito refletir em como fugimos às vezes - e que são tantas - da luta por covardia ou medo de insistir. E uma bengala nos conduz mancos, por entre a caminhada do inesperado. Arrastamos-nos de encontro ao estranho brilho ou nebuloso amanhecer... (...) Que nos aguarda, e ninguém pode prever a sombra da sua sorte e partindo da tentativa da coragem preciso é olhar em direção ao horizonte. O passado serve para lembrarmo-nos de como somos vencedores de qualquer lira... Seguir é o tema desta canção, olhar de frente o assombro e fazer de qualquer dia treze um dia de investida na guerra do viver e com a vitória dos que lutam buscar fazer sua sorte.

(Ednar Andrade).

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Velhos cadernos:

Poemas, contos, desenhos infantis e notas de compra



Velhos cadernos surrados, batidos, mas lá estão guardados todos os sentimentos: textos elaborados, poemas inacabados, notas de compra, desenhos infantis e “avisos” de que: “fui ao supermercado”. Estes cadernos são mundos..., mundos encantados, onde personagens verdadeiros ou inexistentes descansam e sonham com sentimentos bordados.


Poemas, contos e notas de compra, quase diários ou documentários. Universo particular, onde neles moram, em perfeita harmonia, prosa, verso, pensamentos vagos, e quem não teria em sua gaveta, ou sempre à mão, um destes velhos cadernos?(...)

Meus amigos secretos, silenciosos, (quase antiquários) - pau para toda obra! Poderiam virar uma boa “peça de humor”, em momentos mais tristes um drama, nas horas de euforia uma boa prosa. Como uma comunidade unida, todos moram e todos têm espaço. Em cima da mesa, olham para o computador com um certo ciúme. Em suas amarrotadas páginas, guardam segredos e confissões e ali ficam esquecidos, às vezes, entre a poeira e os dias... Mesmo hoje substituídos pelo teclado e seu ruído, serão sempre bons amigos. Parecem ter alma, depositários e fiéis abrigos de sentimentos vários. Amores novos, amores antigos, saudade, canções, desenhos, enfim... Tudo carregam consigo, atravessando o tempo, guardando tantas histórias, velhos cadernos de memórias.   

(Ednar Andrade).

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Agosto




Foge do meu habitual sorrir,       
Esta agonia que hoje me sufoca...
Como uma espada que me transgride o oxigênio,
Meu peito está oprimido...
Quase sinto o frio deste metal imaginário...
Sinto seu brilho na garganta; "não nos olhos"
...E uma imensa vontade de chorar me leva ...
Nesta fria manhã de agosto.
("Inquietante" Agosto...)
Que me abre a porta como um "desgosto"
Uma sombra que me rodeia, feito alucinação...
"Não sai de mim"...
Me estrangulando a alegria de viver esta manhã.
Uma mistura de tristeza e saudades,
Uma profunda dor me invade,
Rasga-me o peito...
...E silencia o que seria canto...
Se faz dilacerante,
Me deixa a deriva, 
Um barco jogado pelos ventos fortes, deste navegar...
Então percorro a praia deste meu sofrer...
E penso:
Em que tormenta pode nesta ausente calma, minha alma está?
Para onde foi de mim, a brisa...?
Aquela tão mansa, tão conhecida nas manhãs...
Fugiu hoje da minha carne, do meu encanto,
E aqui estou diante deste assombro, 
Diante deste calado desassossego...
Pendurada como um morcego,
Guardando as sombras,
Ou elas aflorando sem paz, e sem calma...
Os ventos uivam, adentram as janelas da sala...
Eu tento, tento mover o desalento para uma faixa clara,
Mas a verdade não desbota,
Agosto, no olhar um desgosto...
No calar, uma mágoa, um canto torto,
Morto e posto...

(Ednar Andrade).

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Arrebatamento




Há um lugar para nós
que ninguém pode entrar.
É um lugar que não tem segredos,
apenas a beleza, a paz, a compreensão.
Um lugar que chegamos a
pensar que somos um,
só para ter as nossas almas
fundidas por um momento.
E nesse momento, eu sei que é você;
cada poro, cada pulso,
cada pensamento, cada medo.
E eu te amo mais.
Sinto-me desnudado diante de vós,
e eu sinto o conteúdo. 
. .
feliz por que você está comigo,
e ama-me em minha nudez.

(Karin Schaefer).

Motivo


Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

(Cecília Meirelles).