sexta-feira, 19 de março de 2010

Johann e Maria (Parte IV).

                                                        Foto pesquisada na web.

Deixemos Johann no seu divagar, pois Maria, de saudade, andava atônita. Vivia agora toda uma expectativa de receber, quem sabe, notícias de Johann. Eles viviam de forma separada, uma situação gêmea. Mal sabia Maria que o seu amado, o mesmo modo, pensava nela; noite e dia. Johann só não sabia que sentia no coração o mesmo sentimento que Maria. Naquela manhã, já bem distante daquele encontro, depois de um longo inverno de silêncio, chega até Maria um bilhete tímido, enviado por Johann, onde, de forma, discreta e sutil, Johann dava-lhe a tão esperada certeza: pensava nela também. 

Seu coração batia, dava uma festa. Definitivamente agora ela sabia: já não estava só. Aquele pequeno bilhete feito, talvez quem sabe, num momento de descontrole, enchia-lhe o coração de esperanças. Ela andava por todo jardim meio que extasiada, conferia a emoção olhando-se no espelho, como que ali buscando a imagem de Johann. Quantas noites esperou este momento? quantas noites sonhou com aquele homem?

É assim a vida... O amor chega de forma inesperada, invade corações, chega numa torrente devastando tudo, mexendo nas ideias, modificando o que parecia tão seguro, deixando tão turvo o que parecia tão claro, pois, mesmo quando se tem certeza ou quando parecemos ter, poderemos ser pegos de surpresa por este sentimento tão nobre: o amor.

Johann, que agora estava muito distante, começava a sentir uma saudade louca; uma vontade de voltar, olhar naqueles olhos profundos e dizer coisas que preferiu calar. Johann ansioso pela resposta, andava de um lado para outro, numa inquietude par. Abriu a janela, olhou para o céu, era noite; noite chuvosa, onde as estrelas, assim como Maria, estavam escondidas, envoltas por nuvens de chumbo que poderiam ser comparáveis à distância que o fazia sofrer. Pensou, relutou como que quisesse convencer-se de que nada mudara em seu viver. Johann, conservador, um leve traço de machismo, parece não querer admitir que nascera em seu ser um sentimento novo. Um sentimento que por mais que relutasse tinha nome: Maria.  

(Ednar Andrade).