quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Assim como a brisa...


Minha conclusão, aos 53 anos, é de que: bom é ter alguém para compartilhar o "viver". É maravilhoso ter um amor que não traduza a posse do objeto amado.

Um amor onde não haja a necessidade de territórios marcados, onde, nesta relação, cada um é quem é, sem subterfúgios, lavados, claros, transparentes no pensar e no agir. Amor não implica controle, nem submissão. Quando sentimos algo inquietante no peito, na cabeça, como tantos proclamam em seu santo louvor e nome: amor, ele não é sofrimento que consome, tem que ser suave o seu sentir, tem que haver prazer, aquele prazer, nas mínimas coisas. Sua presença há de trazer bem-estar, se não for assim,  se já não formos capazes de ser como antes, se perdemos o gosto pela liberdade e ao mesmo tempo queremos ser o herdeiro deste bem alheio e sagrado... Aí é chegada a fatídica hora, o instante é de "reflexão"... Não estaremos, assim, amando; estamos é adoecendo, e com certeza causando ao outro uma possibilidade de também ficar doente. Porque: o amor é um sentimento livre que não sobrevive a prisão(ões) ...Ele alimenta-se da sua liberdade de ser.

O amor um pássaro gigante com asas estendidas, prontas para alçar voos excitantes. Promete ser fiel a quem sabe amar. (Amar) é um ato sublime, profundo... Assim como viver: "respirar"...(?) Respirar... Quem poderia viver sem ar? O amor para ser vivido precisa de material maduro como: confiança; não no outro, mas em si... Preciso é também que o meu caminho e o do outro seja regado com uma chuva mansa de sabedoria e conhecimento de que o outro não é "seu"; é antes de tudo "propriedade particular de si mesmo", e que num gesto de amar está contigo na busca de ser feliz, mas isso não *quer dizer que seja para sempre ... Já disse o poeta que: "sempre não é todo dia". Eu concordo também com aquele cara maravilhoso que nos ensinou a máxima: que seja infinito enquanto dure... (Mas como também dizem que o Amor é cego; poderá ser enquanto duro infinito). Tenho tentado amar, pois quando somos ainda bem jovens não sabemos definir o inexplicável movimento desta forte onda que carecemos ter para sentirmos-nos completos.

A maior prova de amor que já pude dar e ter está contida numa frase que, por inteira necessidade minha, num momento de total desatino senti (Quem ama liberta*). Este foi o meu teste de fogo, é quando em dado momento tu, que estavas seguro em tua torre , e ela era a torre mais segura possível, parece que tudo é perfeito, nada te falta, até tua miopia te faz um bem inestimável... Para que ver o que te cerca? Se estás na lama e está quentinho, isto te traz uma falsa sensação de pleno ninho (É lama, mas está quentinho...) (E DAÍ? PARA QUE TENTAR SAIR DESTE CONFORTO, SE POSSO DESCOBRIR O TREMOR DO FRIO?) E vamos seguindo, chamando submissão de amor, esta coisa pegajosa acompanhada de neurose e descontentamentos, sem olhar na cara do outro, que por sua vez fica covarde... Piedade? Para que? Verdade. Esta sim, foi minha genitora, foi esta grande que pariu para mim a real identidade do amor.

Volto à minha frase escudeira e reafirmo: - Quem ama liberta-se e também liberta. E que é preciso amar com o corpo, e com a cabeça continuar sendo infinitamente seu, seu maior patrimônio é ter-se como seu, dono das suas vontades, idas e vindas e amar, e porque não amar? Amar sim. Mas, livres, assim como a brisa.

Penso que estou na trilha certa, minhas asas cresceram... Aprendi que voar é o mesmo que ser livre e  faço aos outros aquilo que quero que me façam; amo  sem exigir amor. Minha alma gêmea eu sou, e me amo com um amor nunca antes a mim doado.

(Ednar Andrade).