quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Até o fim



Perguntava-me à pouco tempo sobre coisas e pensamentos tão diversos...
Pensamentos são como grandes aves – voam longe com asas gigantes em busca do seu viver e desconhecem a razão e o medo...

Assim são os pensamentos, viajantes em seus labirintos de sins e nãos.

Vezes, obscuro; outras como pássaros felizes, em bando batendo asas azuis...
No verde dos meus, todos os cantares e desencantos.

Carrego comigo uma ave noturna que não me deixa, por mais que busque, eu, dela fugir.

Sou como o canto seco do Acauã chamando a chuva e dentro das noites e nos fins de tarde é natural que o meu canto se espalhe, onde a minha seca corta o chão.

Ontem ia na direção da ilha, cá pensava e quase chorava, não fosse o grande esforço que fiz e contive a emoção...

... Então perguntava-me, fazia-me perguntas sobre o amor, sobre amar, desta forma ou daquela, se existe uma forma comum de dizer-se ou sentir-se tal sentimento, se tantas vezes não se toca o objeto amado, se não se vive a aventura de caminhar na vida lado a lado.

Passando por entre cercas e pedras da estrada, eu te sentia, eu me sentia como alguém que faz parte da vida, dentro da minha historia, porém como personagem oculto... E vivo, deito, acordo e sonho e vives e deitas e acordas e sonhas e espero e esperas e não toco ou não tocas, que vagamente vês ou vejo.

Perguntas brotam da minha espreita, como bolinhas de champanhe em efusiva anarquia dentro do meu eu... Tirando, assim, meus pés da real expectativa do que sou e do que somos. Nada pode mudar o tempo, nem o que há de vir; seja o que for.
Mas, penso que tantas perguntas que me faço, também deves fazer a ti...................................?

............... Por que, mesmo sendo alegres, cheios de esperanças, alguma beleza que ainda nos reste, somos carne e mortais e dentro desta fortaleza que a vida parece-nos mostrar, só existe uma verdade: a vida vai acabar.... Assim como um filme, um livro bom cheio de emoção e depois volta ao armário e dele só imagens nascida do que foi narrado e absorvido para quase sempre.

A vida é, sem dúvida alguma, efêmera e a morte, prosaica e fria.

E lá vou eu, noite adentro, ave noturna, num canto místico de choro e riso, adentrando o vazio e vem a aurora e eu e tu e todos, mais perto do ponto que pode ser o final.

Qual é o final?

Insisto.

Contida, partida, aos versos, reversos...

Palavras são:
A VIDA,
O TEMPO,
O SILÊNCIO,
AS VERDADES,
AS MENTIRAS,
“O REAL E A FANTASIA SE SEPARAM NO FINAL”, ALGUÉM DISSE.

... E resta a fresta, o veio, o fio da esperança que não sabemos se verde ou sépia... Não é desespero, é a profundeza de viver agora, de mergulhar até o fim.

(Ednar Andrade).