Entre
o meu,
O
teu e os teus tus,
Abriu-se
uma clareira.
Clareira,
deserto, abismo
De
sentimentos.
Deserto
sem código,
Sem
direção, sem rumo.
Deserto.
Silêncios,
lacunas...
Sem
sentidos certos.
Um
vazio invadiu a calma;
Rasgou
as almas, fez-se deserto.
Meu
coração sangrando,
Morrendo
assim, pulsa, apenas.
Não
entendo. Sei que não mereço
Tanto
vago silêncio. Penso:
De
que é feita a dor?
Para
onde fugiu o amor?
Se
tudo foi sempre tão certo.
Clareira.
Meu
coração gritando
Neste
deserto não entende
O
que foi feito de tudo
Que
era tão lindo,
Que
era tão n0sso.
Sem
calma, no canto
Da
parede da minha dor
Encontro-me
encolhida,
Assustada,
retraída,
Sem
tempo, tímida.
Não
sei se fui ou quem sou.
Clareira.
Na
noite, abandono do ser.
Investigo
a trilha que nos desviou.
Não
sei mais quem és, mas sei quem sou:
Mãe,
amiga, aquela que tanto ama
E
sempre amou. Silêncio não é som.
Quando
grito, mas ninguém escuta.
Clareira.
Assim
me encontro.
Neste
deserto estéril, vazio, sem flor,
Areia
é como água, garganta seca,
Mãos
erguidas, olhar perdido...
O
que foi feito da vida?
Do
amor? Ai... Não sei mais,
Não
sei mais...
Para
onde foi a alegria? Os sonhos?
A
incerteza mora em meu peito.
Solidão;
flor azul que me acompanha
Quando
penso no verde que plantei
E
não brotou flor.
Clareira
é o que me resta.
Silêncio,
esquecimento.
Distribuí
flores; nasceram espinhos.
Clareira,
deserto: meu único ninho.
(Ednar
Andrade).