quinta-feira, 16 de maio de 2013

Eu



A escuridão
Aborta a luz
E eu sou cega

Como quem pare
E não descanso;
Canso!

É fria, a carne
E o silêncio
Me faz gemer

Sem crer
Que o que virá
Virá dar luz,

Como aquele
Que de braços abertos
Morreu na cruz.

Eu, ao contrário,
corpo estendido,
Quieta, frágil e fria,

Abraço o corpo
Sem compreender
Esta agonia.

(Ednar Andrade).