sábado, 31 de outubro de 2009

O Amor





Parte I
E porque havia o Amor,
Nada era em demasia.
Cada qual com seu valor,
Nada, nada se excedia

A mão estendida ao homem;
O abraço dado no amigo;
O pão para quem tem fome;
O que é joio, o que é trigo.

A seiva vinda da alma;
O óbulo do fariseu;
A doce música que acalma;
O que é meu, o que é teu.

O sonho sonhado só;
A vida vivida junto;
A estreiteza da mó;
A força de um conjunto.

O nascimento da flor;
A correnteza do rio;
O surgimento da dor;
As ondas no mar bravio.

A estrela a brilhar no céu;
O vento em torvelinho;
O artista com seu pincel;
A sutileza do carinho.

A mão que cuida da chaga;
A rosa com seu espinho;
O doce olhar que afaga;
A galinha com seu pintinho.

O inefável som de um canto
A tarde beijando o dia
O triste ouvir de um pranto
O tempo de uma agonia.

A chuva roçando a terra;
A ave em migração;
A estupidez da guerra;
A frieza do canhão.

O dócil tocar do sino;
A luz na escuridão;
O orvalho matutino;
O estrondo do trovão.

Parte II


A semente que cai na terra;
A ternura do luar;
A imponência da serra;
A flor ao vento a bailar.

Tudo tinha tempo certo,
Tudo tinha sua medida,
Quando o amor descoberto
Regia tudo na vida.


*Meu poeta* (Zé da Silva). 

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