terça-feira, 29 de junho de 2010

Dias Nublados


Imagem pesquisada na web.

Os dias nublados
Têm cara de romance...
As tardes ficam lindas...
As manhãs cinzas...
E nos convidam
A um passeio nos sonhos.
Eles são pintados
Com pinceladas fortes
De melancolia...
(Ou de paixão).
Desperta nos amantes;
Ternura;
Em todos; emoção.
A garoa cai fininha...
Como uma cortina...
Cortina de sentimentos,
Trazendo inspiração.
Perfume nos ventos...
E nas flores, canção.
O silêncio nos bosques;
Na folhagem mansa;
Que não se balança;
No piar das aves;
Que parecem não ter frio;
No mugir do gado;
No meu pensamento;
Tudo fica belo...
Com cara de romance,
Um convite ao vinho;
Acender lareira,
Fazer uma fogueira
E cantarolar,
Na felicidade
Deste quase ninho
Que as frias tardes,
Por serem nubladas,
Nos levam a sonhar.


(Ednar Andrade)*****.

7 comentários:

  1. Dias nublados... Lembro... Chocolate quente... Aconchego de vó... Bolinhos de chuva... "Um bom lugar para ler um livro" (como diria meu conterrâneo Djavan)... Namoro bem abraçadinho... Uma tarde em Londres (Green glass, blue eyes, gray sky [London, London] ...)... Muito bom, delicioso... Obrigada pela memória. Belíssimo texto!!

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  2. Vi que vc tbm se chama Ednar. Incomum, nunca tinha visto antes alguém, além de mim, com este nome: gostei.

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  3. Algo para fazer nos dias nublados... Arrumar Livros!

    Décimo Sétimo Cálice


    Sobre o azul das cadeiras
    Um ágil miosótis saltita
    Alinha livros, limpa prateleiras
    Cujos meneios são mil maneiras
    De pôr o pó fora dessa palafita.

    Aldeia dos lótus em flor
    Siando à tona do olhar
    Brancos, porém criando vida e cor
    No horizonte desse teimoso leitor
    Que decifra sentidos no imaginar.

    Repõe a ordem nos fugitivos
    Expulsa os intrusos do lugar
    E se alguns são mais activos
    Dá-lhes refrega e põe-nos cativos
    Ordenando-lhes a onde ficar.


    É autoritária esta serviçal
    Dominadora perante residentes
    Exigindo aos súbditos renitentes
    Que assumam a sua posição real
    Na estante, antes que lhe suceda mal.

    E eles, livros perdidos, em jeito cru
    Submissos, intérpretes do conhecimento
    Acatam a catalogação em CDU
    Como soldados em missão na ONU
    Ou em serviço maior do seu regimento...


    Tu prà'qui, tu prà'li, em fila, marchando
    Pondo acerto no passo e tino nas maneiras
    Que aqui, ao alto subida nestas cadeiras
    Não há outras leis nem demais fronteiras
    Pois que aqui, sou eu quem mais mando.

    E perante essa razão incontornável
    Sobre aqueles na reticência activos
    Eis que Arina, o Sol da tarde perscrutável
    Assume por momentos
    As semelhanças e movimentos
    De uma arrumadora de livros!

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  4. Vigésimo Cálice

    Arina, rainha dos astros e sóis
    Que nos aquece e jamais esquece
    Quem ama, se da tarde os atóis
    Se inundam, eis que singela se oferece
    E declama, como à luz de sua chama, nos tece.

    E nos tem, sob protecção e tutela
    Quando ao troar das trombetas liberta
    O passado de seu túmulo e ao tempo acerta
    Dando ao futuro o acumulo duma janela
    Aberta, lente virtual que nos modela
    Em alerta acenado A deus
    Erguendo as mãos aos céus
    Como Ela.

    Dez dedos que são os nossos
    Com outros dez que são os seus,
    Depondo no alfabeto águas e ossos
    Qual Xis a bailar ondeando véus
    De gazes, de tules, de seda rosada
    Estampados dédalos e labirintos
    Cujas pétalas desenhadas camada
    A camada, nos instruem os instintos
    Nos sete sentidos da rosa desfolhada:


    Olhar de pétala, lábios de veludo
    Táctil cálice cuja sépala escuta
    A concha do mar a degustar o escudo
    No registo do Outro que tão-só executa
    A empatia ao semear-nos pelo mundo.

    E assim, água ardente vertida de oceano
    Em oceano, sistema de líquido contínuo
    Irriga-nos de sangue todo o ano
    Por uma gota de momento exímio
    E exíguo no equilíbrio suserano
    De dois triângulos unidos pelo vértice
    Da língua, enlaçadas margens do cálice
    Na máxima míngua do estremecido ápice.

    Comunhão do poder entre géneros
    Acesos raios aquilinos do Sol universal
    Onde o abraço resoluto das sementes e sócios
    Gémeos nascidos da mesma luz na espiral
    Em que os ócios merecidos são do labor igual
    Além de mais igualmente da natureza – os números
    Que põem e dispõem, ordenam o nível
    Entre o lido e o por ler, o eterno e o perecível;
    Entre o terreno e o espiritual, a matéria e o imortal

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  5. Poema lembrar minha caverna, quando chove. Bom, muito bom.

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  6. حسن بلوق جدا. أعجبني حقا ، وذلك أساسا بسبب كونها امرأة ، مما يدل على ان في البرازيل لدينا بها. المؤسف أن في بلدي (الكويت) ، والمرأة حرة في أن تفعل ذلك... القصيدة هي أيضا جميلة جدا ، والكثير من الحساسية. الله يكون معك.

    Muito bom o blog. Gostei muito, principalmente pelo fato de ser de uma mulher, o que demonstra que no Brasil nós temos força. Pena que em meu país (Kuwait), as mulheres não sejam livres para isso... O poema também é muito lindo, de muita sensibilidade. Que Deus esteja convosco.

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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