domingo, 4 de julho de 2010

A menina e o pássaro


Minha neta Julinha, a autora do texto.

Era uma vez...
Uma casa...
Na casa tinha uma menina,
Com cabelos cacheados
Cor de mel, cor do céu...
... E uma vez ela viu um pássaro.
A menina falou:
- Que pássaro lindo!
- Quer ser meu amigo?
- Eu gosto de você.
- Você canta muito bem.
- Podemos cantar...
- Juntos, vamos?
- Vamos passear?
- Ou brincar?
- Passear.
- Brincar de tica-tica,
- Eu quero, vamos?
- Nos divertir
- E sempre sorrir.

(Ana Júlia, "Julinha").

2 comentários:

  1. Vigésimo Primeiro Cálice


    Aqueles que não amam, sequer
    Não são protegidos de Arina
    Confundindo, portanto, A mulher
    Com qualquer coisa, qualquer menina!


    *

    Três vezes sete foram as loucuras
    Até ver as coisas como enfim são,
    Que tudo há no mundo se o procuras
    Na redonda vitória, sem teias de ilusão...


    Bebida a última gota só formas puras
    Ficam a dançar nos romances do pão
    Bordados com as flores tecidas, seguras
    No entretecido feminino da perfeição.

    Estrelas, cometas, verdejantes prados
    Claustros frescos, nichos triangulares
    Onde os dizeres se tornam outros arados
    De arrotear as tardes serenas, singulares

    Em que os enredos maiores são calados
    Como beijos recatados, cruzados a pares.


    **


    Sete pra ti, sete pra mim, e outros tantos
    Pròs que nascerem agora deste momento,
    Que vida fora se iniciarão leis e santos
    Da beleza cativos, seu único tormento

    Tomado gota a gota, cálice a cálice
    Virando páginas por rumo na rota
    Do interpretar, tecendo análise.


    Trago a trago apreciado mandamento
    Em que as frases se intitulam frota
    E os parágrafos esquadrão de alento
    Se batalha trava quem por si se afoita:

    Que nosso é o firmamento dos mantos
    Se em asas delta se tocam plo vértice
    A siar rasgando medos e desencantos.


    ***


    Duas vontades unidas por um só fim
    Entretecida verdade nas duas metades
    Que sendo tua a metade das liberdades
    A outra em liberdade me cabe, a mim...

    Se entretanto para esse tanto, assim
    A que tanto disseste «talvez» e «não»
    Outro tanto baste agora dizer: «sim!»

    Sim ao Sol que na Aliança Velha arde
    Onde por força só baste o ter razão,
    Que a ancestralidade nunca é tarde
    Se ao conhecimento vem renovação

    De cada metade, desse outro ser nascido
    Gota a gota caído em clepsidra sem fim
    Que há do oito deitado ao infinito ido!

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  2. Liberto da modorra,
    Mergulho na mnemonia
    Intrínseca dos seres.

    Contemplo a paz
    Silvestre dos ramos,
    Que embala o espaço verde.

    Em tudo estruge uma dúlia
    Balançante esvoaçando suas folhas,
    Me fazem lembrar a minha Ana Júlia.

    Mas, a efeméride vegetal se desmancha
    E, hirto, vejo-me cerrado
    Entre quatro paredes.

    Do sonho restam-me lembranças,
    Resquícios inócuos
    De uma felicidade ilusória.

    (A Última Quimera).

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