sábado, 17 de julho de 2010

Quimera Matinal



Deixa-me sonhar...
Deixa-me divagar
Nas asas da ilusão,
Enquanto posso... 

Deixa-me que eu coma as manhãs
Nesta ceia matinal
Com sabor de vida fresca. 

Deixa-me mergulhar
Neste azul de mar
Que invade minha janela

E que este vento
Possa passear todas manhãs
Na minha face
E beijar toda a manhã
Com essa ternura infinda
Que a natureza premia. 

Deixa que eu esqueça as dores,
O sofrer, as agonias, os dissabores
E me derrame nesta “doce poesia
De cada amanhecer.” 

Ai! que não quero esquecer jamais...
Este azul (quase violeta),
Que desta paisagem brota. 

Das águas doces da lagoa,
Possa eu sempre me banhar.

Que eu deixe neste mergulho
Qualquer desconforto
Da minha carne sofrida.

Deixa-me, mãe natureza,
Que em teus braços,
Assim como um pássaro, eu cante
Sem me queixar... Do que não tive
Ou do que não tenho.

Leva-me, terno sonhar...
Para teus bosques distantes...
Faz de mim flor,
Flor brejeira, flor do campo.

Que eu me sinta feliz
Como orquídea em Primavera,
Enfeitando a vida
Que há na morte e na dor.

Mas não me deixe
Vagar sem sonho,
Sem verde, sem o canto das aves
E sem versejar o amor que canto,
Sem a água deste mar...
Não me deixes.

Quero morar nas frias tardes
E dormir serena e morna nas noites,
No balançar destes ventos,
Nesta rede de contentamentos,
Refrescar meu coração cansado.

Beijar meus netos
E com eles dormir
Um sono sossegado...


(Ednar Andrade).

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