segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Autocídio




Morro-me a cada instante
Da desesperada dor da fome
Morro-me em cada semblante
Que se consome
No desesperado desabrigo
Morro-me nos olhos
Da criança abandonada
Morro-me na juventude drogada
Morro-me no pai sem trabalho
Morro-me no filho sem atalho
Morro-me na mãe
Que se morre na família
Morro-me na falta da floresta
Morro-me quando se morre
O lago,
O riacho,
O rio e o mar 
Morro-me, enfim,
Quando Pandora morre-se
(...e de tanto me morrer a cada instante
Morro-me na palavra que se morre!)

(João Batista do Lago).


Presentinho do meu amigo Ismael.



Nenhum comentário:

Postar um comentário