quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Jardins abandonados


Se chegares, mansamente pises... Entres.
Não precisas bater, apenas vá entrando,
Sorrateiro...
Com cuidado, não faças alarde...
Olhes-me... Sem nada perguntar (...)
Não rias... Não fales,
 Silêncio e tato não podem faltar
Ando assim  tão frágil,
Assim como  a imagem de mim nas águas do rio...
Que com o vento balança sem precisar ser carne
Apenas sombra, apenas imagem refletida.
Daí  se quiseres: SENTA-TE...
De modo -  e - com maneiras suaves,
Encosta-te ao pé  do meu calado  medo
...E depois de me haveres olhado, e ainda com cuidado;
Podes se quiseres e se souberes cantar aquela canção
Que canto, quase que todas as tardes
Quando a noite vem me visitar...
Folheies o meu secreto coração,
Isto pode, e vejas:
Que de tão dissílabo, tornou-se sino...
Batendo... Mas sem som... Batendo...
Depois, leias meus versos, jamais escritos ou falados;
Eles  estão em meus olhos  tatuados, sentidos e guardados...
POR NINGUÉM LIDO.
Por favor, não te espantes  se forem graves,
Se tiverem  manchados... São versos tão íntimos
TÃO RAROS...
Tão sofridos e caros... Custaram-me tanto...
TANTA TRISTEZA...
Parecem de tão sérios -"um fado"...
Podes adentrar em "quase" todos os sussurros
Podes passear nos meus jardins abandonados
Podes colher os jasmins e margaridas
E as orquídeas, ai... As orquídeas...
Olhando para elas; até já tenho chorado...
Podes... Podes mesmo até te banhares no lago
Só não podes  é roubar de mim o último sorriso...
Entres sim, mas com muito cuidado...
Este sorriso é único que  - hoje -tenho guardado.
(RS...) 

(Ednar Andrade).


3 comentários:

  1. Meu Deus, como achei lindo este seu escrito!
    Seria um grito?
    Seria um riso?
    Conciso está o que eu gostaria de dizer.
    Cheguei em seu jardim sem bater.
    Entrei de mansinho.
    Não pisei!
    Entrei sorrateira...
    Olhei!
    Não ri, achei tudo tão lindo...
    Nas águas do seu rio me banhei.
    Sentei-me em sua margem.
    Não cantei.
    Encantei-me com seu canto.
    Folheei seu coração.
    Que encanto!
    Sinto que seus versos lhe custaram...E tanto!
    Passeei em seus jardins.
    Não senti que estavam abandonados.
    Vi tantas flores lindas...
    E um casal de namorados.
    Olhando para eles
    senti o céu iluminado.
    Voltarei lá.
    Banhar-me-ei em seu lago.
    Não roubarei de você o último sorriso…
    Entrarei sempre com cuidado.

    Obrigada por seguir-me.
    Seguiremos juntas!
    Com carinho
    Fátima

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  2. Não voltarei lá...
    voltarei, aqui, neste seu jardim
    de belos poemas.
    Cujas palavras e sensibilidade me encantam.
    São lindas suas flores.
    Nelas não pisarei,
    nem me atreverei a colhê-las.
    Apenas voltarei para vê-las.

    com carinho
    Fátima

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