Lá estava a velha árvore, com galhos tão fortes, um tronco robusto, como uma mãe turca com seios fartos... E braços estendidos como abrigo.
Um alpendre: ali havia uma velha mesa, não existiam cadeiras, seus ocupantes sentavam-se em bancos rústicos, confeccionados com restos de madeiras que sobrara de alguma construção. Pois, além de tanta faceta, o sisudo homem era também pedreiro e erguia com carinho e autenticidade suas moradas...
Mesa aconchegante, onde todos, depois da refeição, permaneciam por puro prazer, prazer de conversar... Contar e ouvir histórias de algum lugar...
Podia ser uma "estória", também fazia bem à alma de quem ali se sentia como num teatro. Eram sempre bem contadas com um tom colorido de veracidade. Algumas não passavam de velhas e ricas lendas, outras traziam consigo um cheiro real de vida, contadas com tamanha força que trazia seus cheiros e sons.
Um cenário de rica visão: fogão de lenha, onde uma "velha chaleira de ferro bem pesada" (que ainda guardo comigo), permanecia com uma tépida água para, quem sabe, um bom café ou, na preferência de outros, um calmante chá de canela. Um cesto de vime continha gravetos bem finos, cortados com capricho para facilitar o acender do fogo, tudo criado com o descuidado carinho de quem é "feliz na simplicidade"... Então, família reunida, silêncio durante a refeição, nada se pedia sem dizer "por favor", seguido um satisfeito "obrigado..."
Manhãs de domingo: café bem forte, e na velha mesa, bolo de milho, tapioca e risos... Filhos reunidos, o amor e o pão...
(Ednar Andrade).
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