terça-feira, 7 de agosto de 2012

Banquete



    (Imagem de arquivo pessoal).

Na mesa, o banquete:
Um prato de chamas.
Os olhos famintos de luz
Bebem a escuridão.

É tarde e no vago da noite,
O sonho apago, queimo a ternura;
Incendeio a ilusão.

Se há brilho na prata da Lua,
Não vejo a festa pagã dos astros
Que derrama-se sobre o verde inerte.

E também, perdido
Dentro do caldeirão da noite,
Vagueiam os olhos dos bichos.

Em cintilantes cores
Os verdes olhos dos gatos
São tristes como a fagulha
Que pinta os meus.

Há uma estrada deserta e escura:
Poema feito de gemidos.
Fecho a janela dos olhos,
O sono foge e os versos são negros
Como os mistérios da noite.

O frio, vezes, chega.
Encolho-me, aqueço-me,
A madrugada aproxima-se,
Ela é desconhecida
Como um estranho;
Nada me traz de alento.

Das mãos cálidas
Transbordam gestos vazios
E a chama arde como uma louca
Inquietante dança que assisto
Com os olhos fechados.

Uma estranha calma...
O desassossego repousa
Na dança da folhagem...

(Ednar Andrade).

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