quinta-feira, 4 de abril de 2013

De santa a puta



A carne podre
Anda de salto,
Atravessa a avenida
Com coxas grossas, roliças,

Exalando estrógeno
Por onde vai.
Os seios pulam
Do seu decote

Como se pulassem a janela.
A boca treme,
Com um sorriso carmim:
Indecifrável...

Nas mãos, um tremor,
O olhar lascivo,
Um gesto crítico,
Na boca,
Um toque de sarcasmo.

E ela a moça
Que a todos arrasta
Com seu perfume
Inebriante

E ela, aquela,
Que na capela
Quando ajoelha,
Pela carne reza (...)

Reza sorrindo,
Já que chorar
Não sabe,
Já que sofrer
Não cabe.

Ela é a puta,
A prostituta,
A santa pobre
Dos seus altares.

(Ednar Andrade).


Um comentário: