quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A cegueira do amor




Todos os sentimentos dos homens, reunidos num lugar da terra, tiveram uma idéia:
Vamos brincar de esconde-esconde?
A curiosidade sem poder conter-se perguntou:
Esconde-esconde?
O que é isso?
É um jogo, explicou a loucura, em que eu fecho meus olhos, conto até 100 enquanto vocês se escondem.
Quando eu terminar começo a procurá-los, e o primeiro que eu encontrar ocupa o meu lugar no jogo.

O entusiasmo dançou, a alegria deu tantos saltos que acabou convencendo a dúvida e até a apatia, que nunca se interessava por nada.
Mas nem todos participaram.
A verdade preferiu não se esconder.
A soberba opinou que era um jogo muito tolo e a covardia preferiu não se arriscar.

Um, dois, três...
Começou a contar a loucura.
A primeira a se esconder foi a pressa...
A fé subiu ao céu e a inveja se escondeu atrás da sombra do triunfo, que com seu próprio esforço tinha conseguido subir na copa da árvore mais alta.
O esquecimento... Não me recordo onde se escondeu...

Quando a loucura estava lá pelo número 99, o amor ainda não havia achado lugar para se esconder...
Até que encontrou um roseiral e decidiu ocultar-se entre as rosas.

- 100! Terminou de contar a loucura. E começou a busca. A primeira a aparecer foi à pressa.
Depois escutou a fé...
Num descuido encontrou a inveja e, claro, pôde deduzir onde estava o triunfo.

A dúvida foi mais fácil ainda.
Encontrou-a sentada numa cerca sem decidir em que lado se esconder.
E assim foi encontrando a todos:
O talento, nas ervas frescas;
A angústia numa cova escura...
Apenas o amor não aparecia.

Quando a loucura estava quase desistindo encontrou um roseiral, pegou uma forquilha e começou a mover os ramos.
No mesmo instante ouviu-se um doloroso grito.
Os espinhos tinham ferido o amor nos olhos.
A loucura não sabia o que fazer para se desculpar...
Chorou, rezou, implorou e até prometeu ser seu guia.

Desde então o amor é cego e a loucura sempre o acompanha.



(Autor desconhecido).

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