quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Deusa?


Dizes que sou uma deusa,
Tira, pois, tuas mãos de mim,
Pois as deusas não são tocadas,
Silenciam, calam...
Elas têm olhar ausente,
Não dizem o que sentem.
Dizes que sou deusa.
Ama-me como deusa;
Me esquece como mulher.
Meu coração lapidado em pedra
A ninguém mais quer,
A ninguém mais ama,
Nem quer, nem reclama.
Deusas, meu amor, são assim,
Pálidas, impávidas, estáticas,
De ninguém.
Então, ensina-me a ser mulher.
Ensina-me que não sou deusa,
Desmente tudo que disseste,
E me enfeito para ti
Mas, para ser adorada,
Mas não para ser amada,
Ou ser tomada nos braços
Como mulher
Tira de mim esse olhar lânguido
E cheio de luxúria,
Pois este meu corpo de deusa
Esculpido em mármore
No fogo jaz.
Porque continuo deusa,
Dos teus caprichos,
Da tua vaidade,
Deusa do teu jardim,
Desabrocho em flores
E enfeito a vida,
Mas apenas deusa.
Deusas são assim...

(Ednar Andrade).

Um comentário:

  1. A uma Deusa

    És realmente Deusa,
    No corpo escultural de mulher.
    Mas, não te disse
    A qual credo pertences...
    Não és católica,
    Nem muçulmana,
    Muito menos budista.
    Pertences ao panteão grego,
    Talvez maia
    Ou quem sabe asteca,
    Onde os deuses
    E as deusas
    Viviam entre os mortais,
    Desfrutando das delícias,
    Das experiências mundanas.
    És minha Afrodite,
    Minha Xochiquetzal,
    Deusa, com certeza,
    Deusa, mas sem altares,
    Sem distanciamentos...
    Ah não! Não suportaria
    Só te adorar!
    Deusa, para ser venerada,
    Mas para ser amada,
    Deusa do meu amor!
    E do meu altar!

    (Danclads L. Andrade).

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