domingo, 9 de setembro de 2012

Alma minha gentil, que te partiste


   ("Camões", por Fernão Gomes).

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
e viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.

Luís Vaz de Camões
(1524-1580)

4 comentários:

  1. Guardo (e leio) o exemplar de Os Lusíadas que pertenceu
    ao meu pai. Já está bem velho, é cheio de anotações, tem
    um valor inestimável, por Camões e por meu pai.
    Todos os cantos, são belíssimos....
    Li o seu último poema...lindo, lindo!

    Um beijo!

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  2. Boa tarde, Lúcia Bezerra de Paiva pela leitura que sempre fazes nas minhas poesias.

    Um beijo.

    Quanto a Camões, concordo contigo: tem valor inestimável, não só pela obra literária cuja qualidade é reconhecidamente da melhor, mas também pela vida que teve de grandes aventuras em uma época de grandes avanços e descobrimentos.

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  3. Obrigada,queridos, Flávio Antunes Soares,e Lúcia Bezerra de Paiva.

    Abraço!!

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