quarta-feira, 27 de abril de 2016

Desvarios



Aqui pra nós: ando com as flores meio desbotadas. Por isso tão lenta…….

Mas tudo passa. Desculpe-me as demoras, as paradas da estrada >>>>. Nem tenho escrito, nem reparado nas flores; as pedras, vez por outra, atrapalham os caminhos, machucam nossos pés, ainda mais eu, que costumo pisar descalça pela vida. Me pego com o olhar preso no cinza das chuvas, sem notar que brotam no campo de tantas várias cores; novas flores.

Há um desvario que se faz rumo e quando este fenômeno me acode, destono dos meus acordes, dos meus sons, então como uma valsa descompassada, me desalinho até nos cabelos. E desço mar a fora feito rio fora do leito, acidentando tudo pelas vielas. Deslizo como o lodo e me escondo no verde musgo da minha morada secreta e profunda, sem me suster do risco e dos perigos vastos e paro nas encostas dos meus desabrigos, juntando-me aos veleiros aquieto-me, calo e sonho com o Sol que torna luzente o negro das noites caladas .

Eu sei, alguém já me disse que o meu sem som, chega ser glacial, que meu sem luz, acende o medo e a interrogação, talvez cause espanto, pois tudo que parece abismo me é refúgio no meu habitado mundo de ausentes calendários e remotos vagares.


Para mim, é tão e apenas um inevitável e quente travesseiro, onde deito o corpo cansado e adormeço as ausências de cores.

(Ednar Andrade).

Nenhum comentário:

Postar um comentário